Produção voltou ao nível do segundo trimestre de 2007, diz economista do IBGE

09/06/2009 - 16h00

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os reflexos da crise financeira mundial sobre a economia brasileira ficaram mais evidentes de janeiro a marçode 2009 do que nos últimos três meses de 2008. A avaliação é daeconomista do IBGE, Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais, paraquem a produção do país retrocedeu ao mesmo patamar de 2007.Deacordo com Rebeca, a queda de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) – somados bens e serviços produzidos pelo país – no primeiro trimestre desseano, em relação ao último trimestre de 2008, mostra retração maisacentuada de algumas atividades em relação ao desempenho da economiano final do ano passado, quando o PIB dos últimos três meses registrou queda de 3,6% em relação ao terceiro trimestre.“Essetrimestre foi o mais afetado. O PIB teve uma queda na comparação detrimestre com trimestre, o que não ocorria desde o quarto trimestre de2001”, afirmou. “Se você olha o nível de produção, teríamos retrocedido ao mesmo nível do segundo trimestre  de 2007”, completou a economista.Emborao cenário de duas quedas consecutivas do PIB possa ser consideradotecnicamente uma recessão na avaliação de alguns economistas, o IBGEquestiona o conceito, alegando que a definição é “simplista” e nãoconfiável para analisar a economia brasileira.“O uso derecessão é um conceito teórico que envolve uma redução da atividadeeconômica com vários fatores, renda, emprego, vendas, comércio e PIB”,rebateu o coordenador de Contas Nacionais, Roberto Olinto do IBGE. “Preferimosnão nos posicionar. O melhor caminho é uma análise do ciclo, em umperíodo de tempo mais longo”, reforçou.Pela ótica da demanda,contribuíram para retração do PIB no primeiro trimestre a queda daatividade industrial (-3,1%) e da agropecuária (-0,5%), esta última afetadapela alteração no ciclo de chuvas. Do lado do consumo, a quedahistórica do nível de investimentos (12,6%) e das exportações (16%)também influenciou negativamente o resultado.“Osinvestimentos têm um comportamento mais volátil. Tendem a crescersempre mais quando a economia está crescendo e cair mais que o PIB,quando o indicador apresenta queda. É normal”, explicou Rebeca Palis,em referência à menor taxa de investimentos (Formação Bruta de CapitalFixo) dos últimos 13 anos.