Operação prende 41 pessoas suspeitas de envolvimento com milícias no Rio

09/06/2009 - 14h52

Flávia Villela e Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Policiaiscivis e militares prenderam 41 pessoas na manhã de hoje (9),numa operação que buscava 66 envolvidos na milíciaque atua na Zona Oeste da cidade do Rio Janeiro. Entre os presosestão 16 policiais militares e três policiais civis. Entre os procurados, há 24 policiais militares, seis policiaiscivis, um bombeiro e um agente penitenciário. A operaçãodeve se estender no período da tarde, segundo a assessoria daPolícia Civil.Batizadade Têmis (deusa grega guardiã dos juramentos doshomens e da lei), a ação conta com cerca de 250policiais civis de 16 delegacias distritais e de seis especializadas,além de 190 policiais militares. Segundo a Secretaria deSegurança Pública do Estado, esta é a maioroperação conjunta para desarticular a milícia daZona Oeste, chefiada pelo ex-policial militar, Ricardo Teixeira daCruz, o Batman. Desde2007, quando a polícia iniciou o combate às milíciasno Rio de Janeiro, já foram presas cerca de 200 pessoas,sem contar o saldo desta terça-feira. As milícias são grupos armados que, há alguns anos, começaram aassumir o controle de favelas e bairros mais carentes do Rio de Janeiro.Formadas principalmente por integrantes e ex-integrantes da polícia edo corpo de bombeiros, segundo denúncias, estas quadrilhas armadas extorquem moradores ecomerciantes destas regiões, além de controlar o transporte alternativoe explorar serviços ilegais, como TV a cabo clandestina.A primeira atuação de milícias que se tem notícias no Rio de Janeiro ocorreuna favela de Rio das Pedras, localizada em Jacarepaguá, na zona oesteda cidade, no final da década de 70. O último levantamento, realizadopela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, daAssembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), mostra que estes grupos controlam pelo menos 170 áreas do estado, a maioria na capital.Entre2005 e 2008, investigações da Polícia Civil revelaram que milíciasmantinham também seus tentáculos na política. O então deputado estadualNatalino Guimarães e o seu irmão, o então vereador Jerominho, foramapontados pela polícia e, posteriormente, pelo Ministério Público comointegrantes de um grupo chamado de “Liga da Justiça”, que atua na zonaoeste do Rio de Janeiro. Apesar dos dois ex-parlamentares negarem envolvimento com a milícia, ambos foram presos neste ano por determinação da Justiça.Emoutro processo, um outro parlamentar, desta vez o deputado estadualJorge Babu (sem partido), foi denunciado pelo Ministério Público por envolvimento commilícias. Acusados de integrarem a quadrilha, um fuzileiro, um bombeiroe policiais, entre eles um coronel da Polícia Militar, também foramprecosPerante as comunidades onde atuam, as milícias sejustificam como provedores de um serviço de segurança privada, queimpediria a ação de assaltantes e traficantes de drogas nestes locais.Mas as diversas investigações que existem sobre estes grupos no Rio de Janeiro revelamque há envolvimento dos chamados “milicianos”, com crimes comohomicídio, agressão, extorsão, porte ilegal de armas, exploração demáquinas de caça-níqueis, ameaça e prática de tortura.Em maio de2008, uma equipe do jornal O Dia, disfarçada, fazia reportagens naFavela do Batan, na zona oeste do Rio, sobre a milícia que atuava nolocal. Ao serem descobertos, os integrantes da equipee um morador foram submetidos a uma sessão de tortura e depois expulsosda favela.