Negociadores brasileiros acreditam que não colonialismo favorece aproximação com a África

08/06/2009 - 9h36

Gilberto Costa
Enviado Especial
Acra (Gana) - No final de 2009, a Embrapa comemora três anos defuncionamento do escritório em Gana. A presença daestatal brasileira é um reconhecimento da “excelênciada nossa tecnologia tropical”, acredita Paulo Roberto Galerani,coordenador técnico da Embrapa África, que tem comomissão dar suporte aos países africanos interessados emutilizar a nossa tecnologia agropecuária.

Asatividades da Embrapa no continente sãoestratégicas: a empresa quer aumentar a capacidade produtiva dealimentos na África, extremamente dependente do fornecimentoexterno; mas também ajudar a viabilizar o biocombustívele o etanol no continente.

“Estamosnessa ofensiva pelo mercado internacional de biocombustíveis ea tentativa de comoditizar [transformar  o produto em mercadoria com cotação internacional] o etanol, tentar aumentar sua importaçãopelos países da União Européia, ainda que em umaposição ligeiramente restritiva”, explica oembaixador Fernando Simas Magalhães, chefe do Departamento daÁfrica no Itamaraty.

SegundoMagalhães, o trabalho da Embrapa éextremamente colaborativo, como já acontece com outrasatividades de caráter cooperativo e que aproximam o Brasil dosafricanos.

“O Brasil égeneroso; não em termos de dar dinheiro, mas em termos delevar a expertise, o conhecimento”, afirma Samuel Kofi Dadey,embaixador de Gana no Brasil.

Para oembaixador ganense, a diferença do Brasil para outros países, inclusive aqueles também emdesenvolvimento, é que “o Brasil fornece a tecnologia”.Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, isso acontece porrazões históricas e culturais. “Nós nãotemos a cultura do colonialismo, nunca fomos colonizadores. Sabemosqual a importância de transferir tecnologia, transferirconhecimento e não só tirar”, acredita o ministro.

Porpragmatismo ou convicção, a fala colaborativa jáfoi incorporada ao discurso do empresariado. Fábio Pavan,diretor de desenvolvimento de negócio da Constran, construtoraque tem projetos de infraestrutura em Gana, acredita que o “espíritonão imperialista” do Brasil é um “diferencialimportantíssimo”, disse ao elogiar a chamada “cooperaçãoSul-Sul” enquanto realizava sua oitava viagem a Gana.