Militares não mais divulgarão sexo de corpos de vítimas do voo 447 que forem resgatados

08/06/2009 - 16h02

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Recife - Depois de terem que corrigir informação divulgada ontem (7), a Aeronáutica e a Marinha decidiram que não mais revelar à imprensa o sexo dos corpos das vítimas do voo 447 da Air France que forem resgatados no mar. Além disso, só será revelado o número de corpos que estiverem a bordo de navios militares brasileiros. O objetivo é evitar a divulgação de informações desencontradas.

Ontem à noite, oficiais das duas Forças revelaram que 17 corpos já haviam sido retiradas do mar e estavam a bordo de duas embarcações: a fragata brasileira Constituição, que voltava a Fernando de Noronha transportando nove corpos, e a fragata francesa Ventôse, que permanecia na área de buscas, a cerca de 1.100 quilômetros de Recife, com mais outros oito corpos a bordo.

O número baixou para 16, com a correção da informação durante entrevista coletiva, hoje (8) de manhã, na sede do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta III), na capital pernambucana. Segundo o assessor de Comunicação da Marinha, capitão Giucemar Tabosa, a diferença nos números foi ocasionada por um equívoco de comunicação, já que, na verdade, havia sete, e não oito corpos, a bordo da Ventôse. A diferença só foi notada quando as vítimas foram transferidas para a fragata Constituição, a fim de ser levadas o Arquipélago de Fernando de Noronha.

Todas as vezes que for necessário realizarmos alguma correção, nós o faremos, mas, em decorrência deste acontecimento, e para evitar problemas semelhantes, só notificaremos à imprensa sobre os corpos que estiverem em poder dos navios brasileiros. Da mesma forma, não informaremos mais o sexo dos corpos. Caberá ao Instituto Médico Legal [IML] de Recife fazer isso”, disse o assessor de Comunicação da Aeronáutica, tenente Henry Munhoz.

Munhoz também explicou que as informações divulgadas à imprensa durante as duas entrevistas coletivas diárias não são um retrato exato do que se passa no mar no momento em que estão sendo divulgadas. De acordo com o tenente, é sempre possível que outros corpos já tenham sido resgatados no momento das entrevistas.

“Todo o processo é dinâmico, e as informações que apresentamos aqui são contabilizadas poucas horas antes. No momento em que falamos à imprensa, outras coisas podem estar acontecendo e novas modificações surgindo”, ressaltou Munhoz.

Sem novos resgates e depois de comentar que tripulantes de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) teriam avistado o que seriam corpos de passageiros do voo 447 boiando no mar, os oficiais afastaram a hipótese de a Marinha ter perdido os supostos corpos. Segundo o tenente Henry, as aeronaves localizaram e indicaram o local onde vários pontos não identificados boiavam, mas a confirmação de que seriam, ou não, corpos só pode ser feita pelos navios da Marinha, que, conforme reportou a fragata Constituição, “navega em meio a destroços”. De acordo com Giucemar, não há possibilidade de corpos avistados serem abandonados. "Eles constituem uma prioridade de nossos trabalhos de busca,”

Ainda não há prazo para o fim das ações de resgate de corpos e de destroços que ajudem a esclarecer o que aconteceu com o Airbus A-330 da   Air France, que decolou do Rio de Janeiro na noite de 31 de maio e desapareceu quando sobrevoava o Oceano Atlântico. Estavam a bordo  228 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Catorze aeronaves (12 brasileiras e duas francesas) e seis navios vasculham a área ininterruptamente.

Uma das primeiras embarcações brasileiras a chegar à área onde estão concentradas as buscas, a cerca de 1.100 quilômetros de Recife (ou 850 quilômetros de Fernando de Noronha), o navio patrulha Grajaú teve que ser substituído por outro semelhante, o Guaíba. “Ele precisou regressar à sede, Natal [capital do Rio Grande do Norte], porque necessitava reabastecer-se de alimentos e combustível”, disse Giucemar.

Além disso, nos próximos dias, um submarino francês deve se somar à frota presente no local. E, de acordo com Giucemar, a própria Marinha brasileira não descarta a hipótese de reforçar seu efetivo na área. “Em decorrência da ampliação da área de buscas, a Marinha brasileira está preparada para, se necessário, mobilizar outros meios”, afirmou o capitão.