Jobim contesta precipitação sobre anúncio de descoberta de destroços do avião na semana passada

08/06/2009 - 20h19

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, contestou hoje (8) as críticas feitas, principalmente pela imprensa francesa, de que teria se precipitado ao afirmar, na terça-feira passada (2), que os primeiros objetos encontrados no mar seriam de destroços do Airbus da Air France.Na ocasião, a notícia foi corrigida logo depois pela Aeronáutica. Os destroços do avião só começaram a ser encontrados no último sábado (6).Em resposta à imprensa francesa, o ministro disse não se abalar com as críticas. “Tenho costas de crocodilo e arrogância de gaúcho”, afirmou, ao participar de uma mesa de debates promovida pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).O ministro não admitiu que tenha se precipitado e disse ter feito o anúncio sobre a descoberta dos destroços para aliviar a “angústia das famílias”. “Fiz aquilo que tinha de fazer e voltaria a fazê-lo”, afirmou.“É absolutamente irrelevante o que foi dito pela imprensa francesa porque, na verdade, os destroços vieram do próprio avião. Havia uma diferença de conduta. Uma era responsabilidade do ministro da Defesa de fazer a afirmação de que aquele era o local. E a outra são as regras com que trabalha a Aeronáutica, que só trabalha com a apreensão do objeto e a verificação para afirmação. E você tinha um problema para resolver. Você tinha uma angústia das famílias. E eu optei pela angústia das famílias”, justificou o ministro.Jobim também aproveitou a mesa de debates para contestar uma informação divulgada por uma revista semanal de que haveria um ponto cego no Oceano Atlântico e que o Brasil seria incapaz de monitorar as viagens de avião nesse percurso.“O vôo transoceânico é todo ele controlado via rádio. Não há controle transoceânico via radar ou via satélite. A partir de algum tempo, iremos participar de um sistema CNS/ATM [Comunicação, Navegação e Vigilância/Gerenciamento de Tráfego Aéreo, em português] que vai viabilizar o controle do espaço aéreo intra-oceânico, via satélite. Mas não tem lugar no mundo onde é feito via satélite em área oceânica”, afirmou o ministro, ressaltando que ainda não há uma data definida para que isso ocorra.A matéria divulgada pela revista já havia sido contestada ontem (7) pela Aeronáutica, por meio de nota. Segundo a Aeronáutica, “a travessia de oceanos, no mundo, é feita por meio de um controle de tráfego aéreo específico, apoiado nas comunicações de rádio, porque não há como estruturar uma rede de cobertura radar ali”.A Aeronáutica também afirmou, na nota, que a comunicação entre as equipes de controle de tráfego aéreo brasileiro e o voo 447 funcionou corretamente e que a aeronave foi acompanhada pelos radares brasileiros até o “último equipamento disponível, na ilha de Fernando de Noronha, quando já voava além da costa brasileira, em mar aberto”.O Airbus A 330 da Air France, com 228 pessoas a bordo, caiu no Oceano Atlântico no último dia 31, quando ia do Rio para Paris.