Usiminas assume de vez passivo ambiental causado por mineradora no Rio de Janeiro

05/06/2009 - 19h52

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em parceria com a Usiminas, o governo do estado do Rio de Janeiro reiniciouhoje (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a descontaminação do terreno daextinta mineradora Ingá Mercantil, em Itaguaí. Houve solenidade para comemorar o ato, com apresença do governador Sérgio Cabral e do vice-presidente da empresamineira, Omar Silva Júnior, porque o terreno é considerado um dosmaiores passivos ambientais do Rio de Janeiro, com um histórico de poluição das águas da Baía de Sepetiba, que remonta a 1977. O passivo se dá quando uma indústria causa um impacto ambiental e, por lei, tem que gerar investimentos para compensar os impactos.Concluídaa descontaminação da área de 260 mil metros quadrados, a Usiminasconstruirá um terminal portuário para exportar minério, “atendendo àsnecessidades logísticas da empresa”, como enfatizou Silva Júnior. Oinvestimento previsto é de R$ 1 bilhão, em quatro anos e meio. A obra deve gerar 500 empregos diretos e, quando o terminal entrar emoperação, no final de 2013, empregará 230 funcionários e criará cerca de100 empregos indiretos.O vice-presidente da Usiminas disse quea área da Ingá Mercantil representa um case (exemplo) de recuperação ambientalpara a líder no mercado de laminados do país, e que, quando o terminal estiver concluído,se igualará às usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP)como exemplo de excelência ambiental. A Usiminas adquiriu em leilão, por R$ 72 milhões, aárea da Ingá - falida desde 1998 - com ocompromisso de dar continuidade à descontaminação da área, iniciada em2007.A solução para a área contaminada foi acertada pelos governadores do Rio de Janeiro,Sérgio Cabral, e de Minas Gerais, Aécio Neves, ainda em 2007, quando se encontraram, casualmente, nasede do Banco Mundial, em Washington. Os secretários de Meio Ambientede ambos os estados deram início às negociações com a Usiminas, queresultaram na aquisição da área, em 2008. “O governador Aécio Nevessempre teve forte ligação com o Rio”, justificou Cabral.Ohistórico da poluição provocada pela Ingá Mercantil remonta a 1984,quando foi detectado o lançamento de seus efluentes líquidos na área demangue da Baía de Sepetiba. A empresa foi, então, obrigada a erguer um dique decontenção dos resíduos sólidos e líquidos. Sete anos mais tarde, aestocagem de rejeito alcançou 25 metros de altura, enfraquecendo aparede do dique e provocando o vazamento do material.Em 1997/98, a empresa faliu e abandonou a área onde depositava os efluentes líquidos, que formavam um lago tóxico de 260 mil metros quadrados. Em setembro de2007, quatro anos depois de a Justiça Federal ter decretado aintervenção na área, a Secretaria do Ambiente conseguiu R$ 900 mil damassa falida da Ingá Mercantil para formatar a instrução técnica para adespoluição da área. Na época, a secretaria registrava vazamentos anuais deefluentes na Baía de Sepetiba. Participaram, também, deste esforço, ogoverno de Minas Gerais, a União, a prefeitura de Itaguaí, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) ea Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).O projeto de recuperação inclui uma barreira hidráulicapara contenção do fluxo do lençol freático, o tratamento dos efluenteslíquidos retirados, um sistema de monitoramento da área, a desativaçãoda planta industrial e o armazenamento seguro da água contaminadacontida no reservatório da Ingá Mercantil. O custo total será de R$ 40milhões, arcados pela Usiminas, conforme o edital do leilão. Nacerimônia desta tarde em Itaguaí, foi derrubado um muro da IngáMercantil, simbolizando a retomada dos trabalhos. Nos próximos dias, serão demolidos o galpão e as demais construções da empresa falida na área.