Meirelles diz que é arriscado apostar em direção única da variação do dólar

03/06/2009 - 17h57

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje (3) queé arriscado apostar na variação da cotação do dólar em apenas umadireção, seja para baixo ou para cima. Meirelles lembrou queempresas que apostaram na cotação baixa do dólar em operações dederivativos cambiais tiveram prejuízos no ano passado. “A históriamostrou que isso custou caro. O mercado funciona em duas direçõessempre”, disse. O presidente do Banco Central acrescentou que“é importante não entrar em depressão ou euforia” por conta dasmudanças na cotação do dólar. “Espero que as empresas brasileiras e osinvestidores brasileiros olhem isso com muita responsabilidade”,afirmou. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Meirelles destacou que existe correlação entre o preço das commodities(matérias-primas) e o real. Segundo ele, quando há aumento dos preçosdas commodities, o valor da moeda brasileira também sobe. “É umacorrelação importante, que influencia as cotações. Dificilmente,governos conseguem alterar essas correlações em termos reais.” Meirellesdisse também que usar a taxa básica de juros (Selic) paraconter a valorização do dólar “seria um abandono do atual sistema[câmbio flutuante e metas de inflação], que tem tanto sucesso”. Para ele, a atuação do BC na definição da Selic foi acertada, já que somente uma vez ainflação ficou abaixo do centro da meta, nos últimos anos. “Não é um resultado de umbanco central excessivamente conservador. A minha posição pessoal é detransmitir conforto de que o Banco Central continuará a tomar medidasadequadas.” De acordo com Meirelles, grande parte dosproblemas com derivativos são os contratos assinados fora do Brasil,uma vez que o Banco Central não consegue ter acessolivre às informações no exterior. Segundo ele, esse é um assuntoimportante, que será discutido no Fórum de Estabilidade Financeira, doqual o Brasil faz parte. “É um assunto que vai demandar um acordointernacional. É um processo complicado, complexo. Mas esse é um grandecampo para se avançar”, afirmou. No caso das operações dederivativos no Brasil, Meirelles afirmou que empresas que não sãofinanceiras não são reguladas pelo Banco Central. Ele acrescentou que éum avanço a decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de exigirque as empresas de capital aberto divulguem números sobre osderivativos cambiais.