Mantega diz que é cedo para prever efeitos da entrada de dólares no país

03/06/2009 - 17h11

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (3) que ainda é cedo paraqualquer previsão sobre os impactos da atual entrada de dólares no Brasil e os efeitos da queda no preço da moedaamericana na economia do país. Ele disse que o fluxo atualde câmbio não vai ser “devastador”, como alguns analistas temem,e pode ser um “desafogo” momentâneo da economia internacional,que, por causa da crise, ficou reprimida por muitotempo. "Nãome arriscaria a fazer projeções, como estão fazendo por aí, de quevai ser um fluxo devastador, de que agora vai entrar um monte decapital".Segundo oministro, é importante levar em conta também avenda de commodities (produtos básicos) brasileiras aoexterior. Isso porque o preço desses produtos registrou alta, comum retorno maior de recursos para os exportadores do setor.

“OBrasil tem uma bolsa de commodities, e elas andaram subindo,mas eu acho que ainda vamos ter volatilidade. Então, não éuma coisa permanente”, afirmou Mantega. De acordo com ele, ainda é cedo para acreditar que vai entrar no país uma enxurrada de recursos externos. Cauteloso,o ministro disse que o volume de recursos pode diminuir e que o governo vem monitorando a situação.

Quanto às especulaçõesde que o governo estuda uma maneira de aumentar o Imposto sobreOperações Financeiras (IOF) para os fundos de renda fixa usados porestrangeiros,Mantega voltou a dizer que não é a intenção do Ministérioda Fazenda adotar tal medida..

“As outras áreas do governo podem especular a respeito, mas o poderde decisão está conosco. Eu já disse que eu não estou pensandoem colocar IOF, mesmo porque não há um fluxo [grande] nessamodalidade de aplicação financeira. Quando nós colocamos 1,5% deIOF, era porque estava havendo um fluxo exagerado, que atrapalhava aeconomia”, disse ele, referindo-se a medida neste sentido adotada no ano passado.

Os recursos que vêm do exterior agora vão parao mercado de capitais (Bolsa de Valores) e investimentos, lembrou o ministro. Outrasituação é a da empresas brasileiras que, com a crise, não estavamconseguindo empréstimos no exterior. Segundo ele, com a melhorada situação, elas  voltaram a captar e estão trazendo recursos para o país. “Então,não é uma questão especulativa, não é uma questão negativa. Ocâmbio valorizado no Brasil me preocupa, sim, mas não adianta tomarmedidas inadequadas, porque elas não resolverão o problema. Nãoadianta usar a arma errada”.

Questionadosobre a adoção de outras medidas e se a saída seria o governocomprar dólares para reduzir a oferta da moeda no mercado interno, oministro disse que esse tipo de operação é importante porque o governopode aproveitar o momento em que o custo do dólar está baixo para se provisionar e se resguardar ainda mais contra a crise. “Vamospensar no que pode ser feito. É cedo ainda para nóspensarmos. Acho que houve uma euforia que pode até ser passageira,que de repente os investidores deixarão o pique do dólar, aaplicação segura e pouco rentável, e estou pensando em outrasalternativas”.

Oministro disse ainda que acha muito bom que venha capital para abolsa brasileira, porque as empresas nacionais poderão voltar acaptar e obter recursos baratos se aproveitarem para abrir seucapital. “Acho importante que venham investimentos diretos externosporque isso vai mobilizar a economia de modo permanente. Dizer: 'Bom, agoravai entrar uma enxurrada de recursos externos' é que vai nos causar umproblema sério. Acho que pode parar, pode diminuir. Estamosobservando."