Sindicato oferece suporte técnico às investigações sobre desaparecimento de avião

02/06/2009 - 21h15

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), sediado em frente ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro,se dispôs hoje (2) a colaborar com a Aeronáutica e com a companhia aérea Air France oferecendosuporte técnico às investigações das causas do acidente com o Airbus A330, que desapareceu na madrugada de segunda-feira(1º) quando sobrevoava o Oceano Atlântico.A afirmação é do diretor técnico e coordenador da área de segurança do Snea, RonaldoJenkins. Com 38 anos de experiência, Jenkins é o mais antigo investigador deacidentes aéreos em atuação no país. Ele, no entanto, não arriscou nenhuma teoria sobre a queda do avião. “Por enquanto, as possíveis causas dependem da imaginação de quem investiga. Se o sujeito tem muita imaginação, poderá ter mais palpites. Se não, terámenos. Acompanhamos o trabalho de resgate dos destroços e recuperaçãoda caixa-preta, não temos no sindicato nenhuma informação privilegiada,nem vamos arriscar palpites”. Segundo Jenkins, estefoi o primeiro acidente nesta rota desde o início da era dos jatos, em1960 - em 1973, um avião da Varig, depois de sair do Rio, partiu-se aoaterrissar na França, no Aeroporto de Orly - o que torna a investigação maisrelevante para a aviação civil mundial, na sua avaliação. O especialista ressaltou que é importante, agora, encontrar a caixa-preta, que prefere chamar de “gravador de voz”. Ele, no entanto, não acredita que, nela, se encontrem as razões do acidente.“Ogravador de voz ajuda na análise de uma série de fatores, mas só revelacomo a tripulação entendeu a situação que estava vivendo”, explicou.“Ela [a tripulação] é treinada a enfrentar problemas em simuladores e está preparadapara as eventualidades durante o voo. Neste caso, penso que a situaçãofoi muito drástica e rápida, a tripulação não deve ter tido tempo para reagir.”Na opinião de Jenkins, umapossível pane parcial do sistema elétrico, raios e turbulências nãoseriam, isoladamente, suficientes para derrubar o Airbus. “A chamada zona de convergência tropical sempreexistiu próximo à Linha do Equador. Nesta época do ano, deveria estarmais acima, no Hemisfério Norte, mas não pode ter causadoo acidente. Raio não pega avião, passa por ele, porque avião no arobviamente não faz o ponto terra que a descarga do raio procura. E apane elétrica, se aconteceu, foi entre a aeronave e os computadores daempresa que monitoram a situação de voo”.Sem arriscar fazer qualquer especulação sobre a possibilidade de haver sobreviventes, Jenkins disse que, se houver, "vamos achá-lo e ouvir o que aconteceu”.Hoje (2), surgiu mais uma história de alguém que deixou de embarcar no voo AF447, da Air France. A publicitária Vera Marci Cano, que deveria terembarcado no domingo (31) para Paris, seguiu ontem à tarde (1º) para a capital francesa. Segundo ela, não foi uma questão de pressentimento. Vera disse que estava em Porto Alegre e decidiu passar a noite ali antes de embarcar para o Rio de Janeiro e seguir para o exterior. “Não sei o motivo, mas resolvi ficar em Porto Alegre no domingo. Não foi nenhum aviso. Senti isso como uma coisa normal. Às vezes,faço isso. Marco um voo e depois desmarco, gosto até de marcar naúltima hora”, relatou. A publicitária ficará dois meses em Paris, trabalhando e estudando.