Polícia do Rio mata mais na zona norte da cidade e prende mais na zona sul, diz Ipea

02/06/2009 - 16h29

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A polícia do Rio mata mais em bairros da zona norte da cidade,área onde se concentram a maioria das favelas, e prende mais na zona sul, áreamais nobre. A constatação é um dos resultados da pesquisaSegregação Territorial e Violência no Município do Rio de Janeiro, divulgada hoje (2) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Segundoo Ipea, a taxa de mortos em confronto com a polícia (auto deresistência), em 2006, na região de São Cristóvão, por exemplo, foi de24,5 por 100 mil habitantes. Na área do Méier, a taxa foi de 19,0 e, emMadureira e Rocha Miranda, de 17,6. Todas as demais regiões da zona nortetêm índices superiores aos da zona sul e da Barra da Tijuca (zona oeste). Na Barra, a taxa é de 0,4, em Botafogo, de 3,7 e, em Copacabana, de 3,4.Já as taxas de prisão foram inversamenteproporcionais na maioria dessas áreas, com exceção de São Cristóvão.Enquanto, na área de Bonsucesso e do Complexo do Alemã,o foram registradas50 prisões por 100 mil habitantes (e 13,5 autos de resistência por100 mil) e na Ilha do Governador, 65,8 prisões (e 12,0 autos deresistência), em Botafogo, foram 203,5 prisões por 100 mil e emCopacabana, 258,8 por 100 mil.Segundo a pesquisadora PatríciaRivero, é curioso observar que a polícia é mais letal na zona norte, justamente onde são mais altos os índices de homicídio. “O trabalho maisletal de polícia se concentra fundamentalmente nas áreas com maiornúmero de vítimas, ou seja, nas zonas norte e oeste. E otrabalho menos letal, como prisões e apreensões de drogas, está maisconcentrada na zona sul, que é a área mais de classe média”, disse ela.Patrícia acrescentou que isso pode tanto significar um trabalho diferenciado dapolícia quanto um perfil criminoso diferente em cada área dacidade. “Os enfrentamentos armados, na maioria, acontecem na zona nortee na zona oeste. Teria que haver, talvez, um trabalho de polícia maisinteligente, que cortasse com esse padrão, que servisse para criar umpadrão diferente e diminuir a letalidade.”A pesquisa divulgada hoje também mostra onde morava a maioria das vítimas de homicídios no Rio de Janeirono período de 2002 a 2006. O mapa, feito por Patrícia Rivero e pela pesquisadora RuteImanishi, revela que as vítimas residiam, em sua maioria, nas favelasou no entorno delas.As áreas que mais se destacam são o entorno do Complexo da Maré,entorno do Complexo de São Carlos, área que vai do Complexo do Alemão aCordovil, região entre Andaraí e Grajaú, uma extensa área que vai deQuintino até Costa Barros (passando por Madureira) e a região deRealengo, Bangu, Vila Kennedy e Senador Camará, entre outros pontosisolados.