STF indefere depoimento de Silvio Pereira no processo do caso mensalão

01/06/2009 - 21h31

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O depoimento de Silvio Pereira como testemunha dedefesa no processo de um suposto esquema de pagamento de propinas aparlamentares para apoiarem iniciativas do governo no Congresso,conhecido como mensalão, e previsto para hoje (1º), foiindeferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento foi indeferido pelo ministrorelator do caso, Joaquim Barbosa. Segundo o STF, Silvio Pereira foi impedido dedepor como testemunha do réu José Mohamed Janene, porque mesmo já tendocumprido pena alternativa e ter sido retirado do processo, aindapoderá voltar a ser réu caso descumpra o acordo firmadocom o Supremo. José Mohamed Janene é acusado depráticas de formação de quadrilha, corrupçãopassiva e lavagem de dinheiroNa tarde de hoje, seis testemunhas de defesa foramouvidas pelo juiz Márcio Ferro Catapani, da 2ª VaraCriminal Federal de São Paulo. O secretárioextraordinário de Reformas Econômico-Fiscais, BernardAppy, depôs como testemunha do ex-ministro-chefe da Casa Civil,José Dirceu. Também depuseram como testemunhas dedefesa: Dalton Pastore, em favor de Henrique Pizzolato; e FlávioAmaral foi arrolado por José Roberto Salgado. Luiz Nelson deCarvalho, Vanderlei São Felício e o ex-ministro daFazenda Maílson da Nóbrega foram testemunhas deKátia Rabello, presidente do Banco Rural, acusada pelos crimesde gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, formaçãode quadrilha e evasão de divisas.Após o depoimento, o ex-ministro Maílsonda Nóbrega disse que conheceu Kátia Rabello antes delase tornar presidente do Banco Rural, quando ainda coordenava asatividades de marketing da instituição. SegundoMaílson da Nóbrega, no seu depoimento afirmou que KátiaRabello “é uma pessoa honesta, que teve que assumir o bancoem circunstâncias dramáticas – quando um acidente vitimou a irmã – para uma área em que nãotinha se preparado, a presidência do banco”.O ex-ministro também teve que responder aperguntas sobre o desempenho do Banco Rural, pois a sua empresa,Tendências Consultoria, prestou consultoria para a instituiçãona área de análise macroeconômica. “Nãoentrava na intimidade do banco, mas eu pude assinalar que éimpressionante que, diante de todas as crises pelas quais passou obanco, tanto de origem externa, com as crises que afetaram a economiabrasileira, quanto as crises que afetaram a imagem do banco e dosistema financeiro nacional – a instituição tenha sobrevivido a todaselas”.Sobre a existência de um suposto esquema de compra de votos de parlamentares, o ex-ministro disse que nãosabia se isso realmente ocorria. “Tanto agora quanto no passado osparlamentares não recebem dinheiro. Eles recebem recursos parasuas emendas parlamentares. E elas são, em alguns momentos,instrumentos de barganha para votar ou não votar em matériasde interesse do governo”. Já Théo Dias, advogado de KátiaRabello, disse que o Banco Rural não tinha conhecimento da existência de um suposto esquema de pagamento de propinas adeputados. “A grande defesa do banco é que o Rural acaboupagando por sua própria transparência. Tudo o que seconhece hoje do escândalo mensalão se deu em funçãodos registros do Banco Rural. Todos os saques foram comunicados aoCoaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), todos ossaques estão na contabilidade do Banco Rural. O banco tinha umcliente [as empresas do publicitário mineiro Marcos Valério,também réu no processo] que ordenava saques e comunicouos saques à autoridade competente”, disse.