Para professor da UFRJ, desenvolvimento deve ser estratégia do Estado

28/05/2009 - 8h07

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O economista João Sicsú,do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), afirmou à Agência Brasil que o paísdeve elaborar uma estratégia de desenvolvimento, “umaestratégia de Estado”, que tenha como objetivo final umasociedade democrática, tecnologicamente avançada, comemprego e moradia dignos para todos. “Uma sociedade ambientalmenteplanejada, que tenha justa distribuição de renda ede riqueza, que tenha igualdade de oportunidades e um sistema deseguridade social de acesso universal”.

Isso inclui sistemas de saúde e educação gratuitos egarantidos para todos os níveis e necessidades da população.“Acho que esse é o objetivo final”, disse Sicsú. Dentro de uma visãodesenvolvimentista, ele apontou que o caminho para atingiresse objetivo “é de múltiplas políticas”.Apesar de listar entre as prioridades as políticas deeducação, ambiental e cultural, o economista ressalvouque a política macroeconômica é decisiva nessaestratégia.

“Porque é apolítica macroeconômica que possibilita a oferta derecursos para que as demais sejam implementadas. Emoutras palavras, não é possível ter umasociedade ambientalmente planejada, uma política de meioambiente correta, mas não ter financiamento para essapolítica. E o que garante financiamento para essa políticaé o modelo macroeconômico”. Para João Sicsú,o modelo macroeconômico é o elemento fundamental paraque o Brasil possa ter um projeto de desenvolvimento sendoefetivamente implementado.Com a ideia de suscitar o debate emtorno do desenvolvimento brasileiro, João Sicsú eArmando Castelar, também da UFRJ, organizaram olivro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Sociedade e Economia: Estratégias de Crescimentoe Desenvolvimento. A publicação terápré-lançamento amanhã (28), na PontifíciaUniversidade Católica (PUC) do Rio, e lançamentooficial no Ipea, no dia 4 de junho.O livro é composto de 23capítulos que apresentam diferentes visões sobre aquestão do desenvolvimento, desde posiçõesliberais até desenvolvimentistas,destacou Sicsú. Posições liberais sãoaquelas que sugerem que o Estado tem participaçãoreduzida no processo de desenvolvimento. Nas desenvolvimentistas, o Estado exerce a liderança e planeja odesenvolvimento.João Sicsú avaliou queo projeto macroeconômico deve buscar também ocrescimento. “Nós sabemos que desenvolvimento não ésinônimo de crescimento. Mas, nós sabemos tambémque sem crescimento econômico, não é possívelter desenvolvimento”. O economista lembrou que o crescimento traz arrecadação, abre possibilidadesde o governo financiar políticas de desenvolvimento, entre asquais a melhoria da qualidade do ensino, a ampliação doacesso à educação, promovendo a universalizaçãodo acesso à saúde de boa qualidade.Todos esses objetivos dependem domodelo macroeconômico. E esse modelo deve gerar crescimento.“Deve ser um modelo voltado para crescimento com geraçãode empregos”. A consequência deve ser a formalizaçãodas atividades econômicas, envolvendo tanto a formalizaçãodo trabalho, quanto da atividade empresarial, de modo a propiciararrecadação. Segundo Sicsú, a arrecadaçãoé muito importante para que o governo possa fazer gastos deboa qualidade, que gerem emprego, renda e benefício social.Ele afirmou que a formalizaçãoda atividade econômica é a base para que se possaformalizar toda a sociedade, isto é, para que todos oscidadãos tenham sua existência garantida, “por meiode um número e de um endereço, para que tenham acesso atodos os programas sociais, a todo o sistema de seguridade social, àsaúde, à educação etc.”