Índios pedem assento no Conselho de Administração do BNDES

27/05/2009 - 18h30

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os indígenas da Amazônia querem participar das decisões do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e reivindicaramhoje (27) um assento no Conselho de Administração do banco, comobjetivo de opinar sobre a concessão de crédito para empreendimentos emterras indígenas e medidas de compensação aos impactos das obras.“Queremosevitar danos lá na frente. Não só ao meio ambiente como à própriaexistência dos índios. Queremos agir antes da concessão do crédito paraque as empresas contenham os impactos, se não for possível evitá-los”,afirmou o representante das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab),Cléber Karipuna, um dos organizadores do seminário O BNDES e os PovosIndígenas, que termina amanhã (28), na sede do banco. Durante oevento, o representante do Conselho Indígena de Roraima (CIR), JulioMacuxi, lembrou que os índios são afetados por obras de infraestrutura,plantações de grãos e instalação de empresas financiadas pelo BNDES,“que acaba por trás da invasão de terras, perda de recursos naturais,disseminação de doenças e da miséria”.Para os índios, é precisoum diálogo sobre os critérios de financiamento e monitoramento dosempreendimentos que têm dinheiro do BNDES, as formas de captação derecursos do Fundo Amazônia que conta com US$ 110 milhões (doados pelaNoruega), e as linhas específicas para projetos de desenvolvimentovoltado aos índios.“O ideal é não termos empreendimentos emterras indígenas. Mas se temos um diálogo antes da construção da obra,caso ela tenha mesmo que ser construída, podemos criar critérios decompensação e mitigação dos impactos”, acrescentou Karipuna. “Podemosexigir da empresa, por exemplo, programas sociais”, concluiu.Durante oevento, os índios também questionaram a ausência de representantes doBNDES e cobraram agilidade nas discussões. “Aqui só tem terceiro ouquarto escalão”, disparou Julio Macuxi. “Não estamos representadosnesse modelo de desenvolvimento do banco. Desse jeito, para nós, sósobra o impacto das obras”, completou.O representante do órgãono evento o engenheiro Eduardo Canepa não polemizou com osparticipantes e rebateu que o banco tem se esforçado para “dar inícioao diálogo”. “A máquina não entra em operação de uma hora para outra”,afirmou. Por meio da assessoria de imprensa, o BNDES informouque a composição do Conselho de Administração, formado por empresas,sindicalistas e representantes de governo, é decidida pelo Ministériodo Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, além da Casa Civil daPresidência da República.