Eletronuclear antecipa retorno à atividade de Angra 1 após troca de geradores de vapor

27/05/2009 - 18h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Eletronuclear jáconcluiu as obras para troca dos geradores de vapor da Usina Nuclear Angra 1 e decidiu antecipar de 6 para 4 de junho a retomada das atividadesna unidade. "No momento, estamos preparando o retorno daunidade à geração de energia elétrica”, informou osuperintendente adjunto de Angra 1, Olívio da ConceiçãoNapolitano. As obras começaram em março.Em entrevista àAgência Brasil, o engenheiro disse que não há  nenhumacorrelação entre Angra 1 e o acidente em Angra 2, no último dia15, causado por falha no procedimento da descontaminação de umequipamento, que provocou a liberação de material radioativointernamente. “Não há nenhum contato em relação às tarefas queestão sendo realizadas em Angra 1”. Segundo ele, nessa usina, não há qualquer evento relacionado à atividade de radiação,nem em termos de segurança nuclear. Todas as providências referentes à segurança dos funcionáriose das instalações foram tomadas durante a troca dos geradores, afirmou.Localizada em Angra dos Reis, no litoral fluminense, Angra 1 representa 20%do consumo de energia do estado do Rio. A usina voltará a operar com suacapacidade nominal anterior de 657 megawatts (MW) – estava gerando 520 MW, que correspondem a 83% de sua capacidade. “Erauma precaução para preservar a vida do gerador de vapor, porque setrabalha com uma temperatura menor. Essa era a estratégia”,explicou. Napolitano. Os equipamentos estavam em operação desde 1982, quando a usina foiligada. De acordo com Napolitano, esse período não representa otempo de vida útil do equipamento. “Um gerador devapor tem a idade aproximada de uma usina nuclear, que é de 40anos.”Instalados desde o início do funcionamento da usina, os geradores foram projetadoscom a liga metálica Inconel 600, que, depois de certo tempo deoperação, com pressão e temperatura elevadas, apresentou corrosão.“Isso não aconteceu só em Angra 1, mas também em outras usinas”,ressaltou Napolitano. Segundo o engenheiro, pelo menos 80 usinas em todo omundo já trocaram geradores de vapor equivalentes aos de Angra 1. Embora a trocaantecipada não fosse esperada, a substituição dos geradores é umprocedimento normal, como ocorre com qualquer outro grandeequipamento em uma unidade nuclear. Os novos geradores foramconstruídos pela empresa Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep),vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, sob supervisão dacompanhia francesa Areva. Cada gerador pesa 330 toneladas. O custo total,incluindo compra dos equipamentos, processo de substituição eprojetos, é de cerca de R$ 400 milhões, mas o valor poderá mudar,pois o preço é atrelado ao dólar. O trabalho envolveu 2.500pessoas no período de pico. Foram contratados 1.500 profissionaisbrasileiros e 500 estrangeiros que se juntaram aos 500 que trabalhamem Angra 1. A Eletronuclearpretende, como atividade futura, incrementar em 7% a potência deAngra 1, o que significa um acréscimo de 47 MW. Napolitano disseque, para isso, será necessário fazer algumas melhorias no tubogerador e no sistema de água de alimentação. Isso já estáprevisto no programa de investimento plurianual da empresa para 2015.Segundo Napolitano, nessa época, a usina já poderá gerar 700 MW deenergia. Ele acrescentou que já foi feita toda a análise desegurança para esse aumento de potência.