Reitor da Uerj defende cotas raciais e pede agilidade do STF no julgamento da questão

26/05/2009 - 16h33

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O reitor daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Vieiralves deCastro, saiu hoje (26) em defesa do sistema de cotas raciais esociais, suspenso liminarmente no estado, e cobrou do SupremoTribunal Federal (STF) uma decisão sobre a questão.“OSTF precisa, urgentemente, tomar uma decisão com relaçãoao princípio das cotas porque isso compromete hoje o ensinosuperior no Brasil”, afirmou em relação à ação direta de inconstitucionalidade (Adin) sobre o tema, emtramitação na Corte.O colegiado dedesembargadores do Tribunal de Justiça do Rio suspendeu ontem(25) a Lei Estadual 5.346 que prevê cotas nas universidadesestaduais para negros, índios, egressos de escolas públicase filhos de policiais e bombeiros.“Há sete anos deaplicação da lei, a questão daconstitucionalidade não pode ser resolvida por liminar”,argumentou o reitor. “O STF tem que tomar decisões em umtempo hábil. Não é possível protelardecisões que definem políticas de Estado.”Deacordo com o reitor, a decisão dos desembargadores é“inconveniente” porque foi tomada no meio de um processo seletivoe antes da manifestação do STF. A Uerjfoi a primeira universidade do país a adotar cotas raciais.Segundo o reitor, a medida favoreceu o ingresso de negros nos cursosmais concorridos da instituição, nos quais, antes, amaioria dos alunos era branca e de classe média alta.“Oscursos de medicina, direito, odontologia e jornalismo, por exemplo,ficaram mais negros. Sem as cotas, a maioria dos alunos era branca ede alto poder aquisitivo”, informou, ao defender os efeitos dascotas sobre a redução de desigualdades. “Opaís não tem uma classe média negra consolidadae as desigualdades se mantêm. As cotas aceleram esse processo[de igualdade]. Isso não é para sempre”, destacou.