Oposição promete obstruir votações no Senado contra decisão dos governistas de controlar CPI

26/05/2009 - 20h02

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O comunicado do líder do PMDB no Senado, RenanCalheiros (AL), de que a base do governo pretende ficar com os doiscargos de direção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) daPetrobras (presidência e relatoria) despertou a fúria da oposição, que pretende obstruir a pautade votações do Senado.O líder do DEM, Agripino Maia (RN), disse que os governistas,com a decisão, perdem a capacidade de diálogo e velocidade natramitação das matérias.“O instrumento chamado obstruçãovai ser posto em prática”, disse Agripino. E o primeiro alvo daoposição será o Fundo Soberano do Brasil. Criado por meio de medidaprovisória, o fundo poderá deixar de existir se não for votado antes dodia 1º de junho.“A disputa vai ser feita na CPI, para que se investigue o fato que estádenunciado. Agora, evidentemente, na medida em que o governo sinalize que eles vão ter truculentamentea presidência, porque têm número, nós, no plenário, também com o nossonúmero, podemos evitar a aprovação de coisas de interesse para ogoverno, como, por exemplo, o Fundo Soberano”, argumentou Agripino.“Ogoverno pode se despedir daquilo que não é do interesse coletivo. Acho que criar um Fundo Soberano com dinheiro emprestado, com a taxa de jurosque o Brasil pratica, não é do interesse do povo do Brasil”, disse Agripino, acrescentando que "para fazer investimento, é precisoracionalizar o gasto público e poupar".   Mesmo em desvantagemnumérica na CPI da Petrobras, Agripino acredita que as denúncias serãoinvestigadas. “Mesmo tendo apenas três dos 11 membros, se os argumentosestiverem do nosso lado vamos fazer aquilo que nos compete. Se aPetrobras é uma caixa-preta, vamos passá-la a limpo e esclarecerperante a sociedade aquilo que mereça ser esclarecido”.“Se asevidências dos fatos investigados forem muito fortes, não tem maioriaou minoria que sobreviva. Quem vai sobreviver é a evidência dos fatos edas denúncias”, disse Agripino.O líder do PSB, senador Renato Casagrande, que pertence à alagovernista, ainda defende o entendimento entre governo e oposição naCPI. Ele acredita que a obstrução da pauta pode ser prejudicial aosinteresses do governo. "Com a obstrução, isso pode atrapalhar ascomissões e a tramitação dos projetos e isso, de fato, pode serprejudicial para o governo", afirmou.Para Casagrande, umambiente "mais tranquilo" na comissão seria mais favorável ao governo."Pode ser uma extratégia equivocada [a de ter os dois cargos de comando da CPI]. Porque aquilo que se ganha na CPI pode significar derrota no plenário", calculou.