Índios querem ser consultados sobre grandes projetos no Acre

23/05/2009 - 14h57

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os índios do Vale do Juruá, localizado a oeste do estado do Acre, estão preocupados com oimpacto de obras de infraestrutura na região. Os índiostemem as consequências ambientais e sociais de obras, como apavimentação da BR 364 e da exploração no estado e no Peru. Além dos grandes projetos, hápreocupação com a produção de etanol ecom o cultivo da monocultura da cana de açúcar.Deacordo com líder indígena Haru Kontanawa, ementrevista ao programa Amazônia Brasileira, da RádioNacional da Amazônia, não há oposiçãosistemática às iniciativas, apenas as comunidadesafetadas querem ser consultadas. “Nós não somoscontra o desenvolvimento do estado. Nós queremos que o estadocresça, mas de maneira respeitosa. Dentro da floresta têmpovos e esses povos têm direitos também”,assinalou.Na avaliação de Haru, as obras comoda BR 364 já trouxeram impactos, pois atravessam terrasindígenas ocupadas pelas etnias Katukina, Kaxinawá eShanenawa. Ele teme que as estradas funcionem como vetor dedesmatamento e urbanização. “Não tem plano desustentabilidade para as comunidades”, enfatizou Haru, ao dizer quefaltam medidas para evitar o aumento da violência e a transmissãode doenças no contato com não índios.Segundoo líder, os índios não querem morar em cidades.“Uma coisa que buscamos é a garantia de que vamos viversempre dentro da floresta, com nossos costumes, nossas tradiçõese com condições de viver. Nós nãoqueremos que os nossos povos venham se urbanizar da maneira como estáacontecendo, de forma que não há escolha”,lamentou.Haru Kontanawa também teme que a exploraçãode petróleo no Acre venha causar danos ambientais e a produçãode óleo no Peru possa afetar a qualidade de vida dos índiosbrasileiros, que bebem água, se banham e se alimentam com as águasdo Rio Juruá, que nasce no país vizinho. “Essepetróleo, que vai fazer funcionar os carros, vai também fazer parar ocoração de muitas pessoas aqui”, concluiu.