Cinco milhões de brasileiros nunca frequentaram cursos de educação profissional, diz IBGE

22/05/2009 - 12h04

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dos 8milhões de brasileiros que estavam em 2007 desocupados, 5milhões nunca tinham frequentado cursos de educaçãoprofissional, segmento que inclui aulas de qualificaçãopara o trabalho, curso técnico de nível médio egraduação tecnológica. Esse númerorepresenta um percentual de 66,4% do total de pessoas que estãoà procura de emprego e não conseguem vagas no mercadode trabalho.Os dadosconstam de levantamento divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE), com base nos resultados daPesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007. Oestudo faz uma radiografia da educação de jovens eadultos (EJA) no país, seu alcance e as oportunidades deformação que ela oferece à populaçãoque não teve acesso ao ensino regular ou não tevepossibilidade de completá-lo.A médiada população alega que o principal motivo para nãoparticipar desse tipo de curso é a falta de interesse. Noentanto, os jovens acrescentaram outro fator: a dificuldadefinanceira. Praticamente duas em cada dez pessoas com idade entre 15e 17 anos apontaram a carência de recursos como principalmotivo que as impede de frequentar a educaçãoprofissional.Para ogerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Averedo,isso indica uma “triste realidade”. “A pesquisa deixa claro quea maior barreira que as pessoas enfrentam para se inserir no mercadode trabalho é a baixa qualificação e, no casodos jovens, isso se dá em grande parte pela falta de recursos.O problema é que no período em que há aumento dadesocupação no país, eles [os jovens]tendem a passar para o final da fila.”De acordocom Cimar, a pesquisa mostra outra disparidade: enquanto 54,3% daspessoas de cor branca com 10 anos ou mais frequentavam, em 2007,cursos de educação profissional, esse percentual caiupara 27,5% entre os pardos e para 7,3% entre os pretos.“Aparcela dos desocupados que nunca fez qualificaçãoprofissional é grande e a reboque disso estão aspopulações preta e parda, que também têmdificuldades de se inserir no mercado de trabalho. Por isso, a suamobilidade social é mais difícil”, disse. “Nãodeixa de ser um retrato da qualidade de ensino que essas pessoastêm.”Cimarressaltou que a educação de jovens e adultos procuracorrigir isso, mas não obtém pleno sucesso. “Nummomento em que foram afastados do ensino regular, a educaçãode jovens e adultos tenta recuperar [o ensino]. Entretanto, porestarem fazendo um processo de educação acelerado, quenão é igual ao regular, e sua presença naqualificação ser baixa, isso cria dois cenários:um para a população branca e outro para a parda epreta.”Segundo apesquisa, a frequência de alunos da EJA é maior entre apopulação de cor preta (9,0%) e parda (8,1%). Jáentre os brancos, a frequência, de 7,2%, é menor do quea média nacional, que é 7,7% da populaçãocom 15 anos ou mais de idade.