Valor das taxas de juros cobradas pelos bancos em empréstimos causa polêmica na Câmara

20/05/2009 - 21h19

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O spread bancário - diferença que os bancos cobram entre os jurospagos na captação de recursos e as taxas pagas na concessão de empréstimos - está emqueda há quatro meses, desde que o Comitê de Política Monetária (Copom)do Banco Central retomou o processo de redução da taxa básica de juros(Selic), em janeiro deste ano.Aafirmação foi feita hoje (20), pelo economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, em audiência pública da ComissãoEspecial da Câmara dos Deputados que avalia os impactos da crisefinanceira mundial no Brasil. Sardenberg acrescentou que o spread só não está ainda menor por causa da inadimplência, que aumentousensivelmente nos últimos meses e representa cerca de 40%  nacomposição da diferença entre spread bruto e spread líquido.Osoutros custos na composição do spread, segundo ele, são 20% em média decarga tributária, 13% a 14% de custos administrativos, mais custosvariáveis em relação ao compulsório bancário. O economista, no entanto, não mencionou a margemde lucro dos bancos, que, segundo o deputado Rodrigo Loures (PMDB-PR) varia em torno de 28%.As explicações dorepresentante da Febraban foram rebatidas por alguns parlamentares,insatisfeitos com a tentativa de justificar a resistência dasinstituições financeiras em reduzir o spread bancário. O relator dacomissão, deputado Pedro Eugênio (PT-PE), disse que Sardenberg procurou relativizar a composição do spread e lembrou que asvariáveis citadas são comuns em todos os países, “mas é aqui que secobra a taxa mais alta”.De acordo com o deputado ArmandoMonteiro Neto (PTB-PE), presidente da Confederação Nacional daIndústria (CNI), “não há explicação plausível para taxa tão alta despread”, que tem caído sim, conforme reconhece, “só que em um ritmo bemmenor que o da taxa Selic”. Ele afirmou que existe estreita relação entreo nível de inadimplência e o custo bancário, mas, ao  contrário daargumentação dos bancos, Monteiro acha que “a inadimplência é altaporque as taxas bancárias são mais altas ainda”.A única voz afavor do representante da Febraban, dentre os sete participantes de hoje nacomissão, foi a do diretor executivo do Banco Itaú, Sérgio Werlang.Segundo ele, a inadimplência de mais de 90 dias da pessoa física vemcrescendo desde junho doano passado, e “achamos que vai subir ainda mais”. Werlang disse que, no entanto, “é preciso garantir ambiente regulatório que permita ao BancoCentral dar continuidade ao processo de redução da taxa básica dejuros”.