País precisa investir em estaleiros para suprir demandas do pré-sal, diz diretor do BNDES

20/05/2009 - 21h22

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil necessita aumentar drasticamente os investimentos em estaleiros para atender o mercado de embarcações e equipamentos e suprir os pedidos da Petrobras e demais empresas do setor, a partir do aumento da produção de petróleo e gás da camada pré-sal. A análise foi feita hoje (20), pelo diretor da Área de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz.Ele comparou a situação brasileira com a da Coreia do Sul, onde só um estaleiro tem a área equivalente a de todos os estaleiros brasileiros somados. Segundo Ferraz, o tamanho faz a diferença neste setor, pois gera ganho de escala e reduz custos de produção. Atualmente, segundo o diretor do BNDES, o Brasil é responsável por 25% da demanda mundial de produtos de exploração marítima. “A indústria de off-shore tem um quarto aqui no Brasil”, afirmou Ferraz, no 21o Fórum Nacional.Mais uma diferença citada entre o setor brasileiro e coreano é a disposição do sistema de produção em torno dos estaleiros, que na Coreia funcionam como clusters, ou seja, um grupo de empresas metalmecânicas ficam instaladas em torno dos locais de produção de navios, o que barateia os custos de logística. Já no Brasil, os estaleiros estão dispostos desde o Nordeste até o Sul do país, distantes milhares de quilômetros um do outro. “A experiência internacional mostra que agrupamento, tendo um cluster mecânico, químico e de automação próximo ao estaleiro, é importante”, disse.Segundo Ferraz, para atender a demanda da Petrobras e dos novosinvestidores é necessária mais capacidade produtiva em todos segmentosda indústria e dos estaleiros, pois o que se conseguiu até agora aindaé muito pouco, frente às necessidades futuras geradas pelo pré-sal.“O Brasil tem a possibilidade de retomar um espaço na construção de bens e serviços de off-shore como nunca teve antes. Principalmente porque as demandas agora são de muito longo prazo, de décadas de investimento firme. Isso dá um horizonte para os empresários que estão dispostos a investir no Brasil completamente diferente”, afirmou.