Jobim quer militares brasileiros na reconstrução da infraestrutura do Haiti

20/05/2009 - 20h56

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os militares brasileiros que atuam no Haiti estão aptos a projetar e realizar as obras de infraestrutura de que o país caribenho arrasado por quase um século de instabilidade política necessita. O problema, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é que o orçamento da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) não permite a realização desse tipo de obras.

“Os engenheiros militares no Haiti tem absoluta capacidade para construir qualquer coisa e o Brasil está disposto a fazer também os projetos. O problema é que o orçamento da Minustah não autoriza que realizemos esse tipo de obras e o dinheiro dos doadores nunca chega”, lamentou Jobim durante entrevista concedida ontem (19), em Brasília, a jornalistas estrangeiros.

Segundo informações da Agência de Notícias de Portugal (Lusa), Jobim vai apresentar à Organização das Nações Unidas (ONU) uma proposta para que, com dinheiro das doações ou de investimentos internacionais, o Batalhão de Engenharia do Exército passe a ajudar também na construção das obras de infraestrutura no Haiti. Jobim esteve no Haiti há cerca de um mês.

O ministro está em Washington (EUA), onde permanece até sábado. Durante sua estada, Jobim vai se reunir com autoridades norte-americanas, membros da ONU e representantes do setor empresarial. Hoje (20), estavam agendados encontros com o subsecretário de Defesa, Tecnologia e Logística, Ashton Carter; o chefe do Estado-Maior Combinado, Almirante Michael Mullen e com o o assessor de Segurança Nacional, General James Jones Jr. De acordo com a assessoria do ministério, Jobim também irá tratar de questões relativas à transferência de tecnologias de empresas americanas ao Brasil, em operações comerciais na área de defesa.

Jobim defende que 250 soldados dos mais de 1.200 militares que o Brasil mantém no Haiti estão aptos a realizar obras como a construção de estradas e pontes. Aos correspondentes internacionais, Jobim mencionou que os militares brasileiros estão projetando uma hidroelétrica que, se for construída, irá beneficiar os moradores da capital, Porto Princípe, que não têm energia elétrica, e também os agricultores da região, que não dispõem de sistemas de irrigação. A hidroelétrica terá capacidade para produzir 32 megawatts e está orçada em R$ 150 milhões.

“Os doadores alegam que o Haiti não tem projetos, só que os haitianos que poderiam elaborá-los”, afirmou. “Não podemos sair do Haiti se o país não se desenvolver, porque a situação voltaria a ser como antes”, completou.