Projeto do Sebrae qualifica vendedores que trabalham nas praias cariocas

19/05/2009 - 14h53

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 200 micro e pequenos empreendedores que fazem das praias cariocas, tradicionais cenários de descanso e lazer, o seu local de trabalho participam, a partir de hoje (19), de uma série de palestras de qualificação. Por meio do projeto Praia: uma Opção Legal, os comerciantes que vendem bebidas, biscoitos e alugam cadeiras em barracas montadas na areia, conhecidos como barraqueiros, vão discutir a qualidade do atendimento ao cliente e a importância do associativismo. A iniciativa é parte do programa Economia da Praia, lançado em 2006 pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio de Janeiro (Sebrae/RJ) em parceria com a secretaria municipal de Turismo, para aumentar a competitividade dos negócios. Segundo o presidente da Associação do Comércio Legalizado de Praia (Ascolpra), Paulo Juarez, apesar da paisagem agradável, o trabalho é intenso e o retorno financeiro varia conforme a época do ano. Em média, os trabalhadores da praia conseguem ganhar até R$ 1 mil por mês, mas durante o inverno a renda pode cair até pela metade. Para driblar a sazonalidade, Juarez, que está na profissão há 30 anos e sustenta uma filha e um neto com o rendimento da atividade, acredita que é preciso ampliar a capacitação. “Apesar do barraqueiro ter aquele jeito descontraído e conseguir cativar o cliente, a gente ainda está muito aquém daquilo que é o negócio. A maioria dos barraqueiros, por exemplo, não faz fluxo de caixa, não sabe quanto ganha. Tem muita coisa para aprender e isso é fundamental para chegarmos ao nosso objetivo, que é ser reconhecido como empreendedor de praia”, destacou.De acordo com dados do Sebrae, a atividade gera renda para aproximadamente 200 mil pessoas, entre barraqueiros, vendedores ambulantes, donos de pequenos quiosques e prestadores de serviços, como massagistas. Um volume que representa 10% da população que nos fins de semana frequenta a orla carioca. Ao todo, eles movimentam em média R$ 80 milhões por mês e são, na maior parte das vezes, trabalhadores informais. Para a coordenadora de projetos do Sebrae/RJ, Margareth Carvalho, aliar a criatividade e a disposição de quem muitas vezes precisa andar sob sol forte, gritando frases ou cantando músicas chamativas, a conceitos de empreendedorismo pode trazer benefícios aos próprios comerciantes e prestadores de serviço, mas também à imagem da cidade como um todo.“Com isso, você aumenta a competitividade dessas pessoas, ampliando a geração de trabalho e renda, mas também melhora a imagem turística do Rio, porque eles estabelecem relação direta com os visitantes. Quando o turista percebe que está sendo bem tratado, com qualidade no atendimento, e pagando preços justos pelos produtos e serviços prestados, ele transmite isso lá fora”, ressaltou.De acordo com a coordenadora, até o fim do ano estão previstas diversas palestras e cursos de qualificação em marketing, meio ambiente, sistema de compras, entre outros. Para o presidente de uma das associações de moradores de Copacabana, Eduardo Dantas, trata-se de um “conforto inegável” poder ir à praia sem ter que carregar barracas e cadeiras e ainda contar com outros serviços disponíveis. O problema, segundo ele, é a desorganização na atividade.“O uso é ótimo, o problema é o abuso. Sem uma ordenação da exploração do espaço entre o calçadão e o mar, a areia acaba loteada, criando obstáculos à mobilidade de quem quer usar sua própria barraca, por exemplo”, afirmou.