Mesmo na crise, Brasil manteve tendência de redução do número de pobres

19/05/2009 - 20h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo divulgado hoje(19) pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, apesar dacrise financeira internacional, quase 316 mil pessoas saíram da linha de pobreza noBrasil no período de outubro de 2008 a marçode 2009. O dado se refere às pessoas com rendimento domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo. O presidente do Ipea,Márcio Pochmann, explicou que a redução dapobreza foi registrada nas seis regiões metropolitanas brasileiras (Rio deJaneiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e PortoAlegre). O estudo mostra que emcrises anteriores, como a de 1999, o númerode pobres no país foi ampliado em quase 1,9 milhão depessoas. A pobreza aumentou mais em períodos recessivos como,por exemplo, na crise de 1982/1983, quando a quantidade de pobrescresceu quase 7,7 milhões de pessoas nas seis regiõesmetropolitanas. Segundo ele, a diminuição do número de pobres em meioà atual crise se deve à adoção de uma estratégia diferente. “Antes, o governo aumentava osjuros, reduzia os gastos, e o salário mínimo nãocrescia”, disse. Hoje, ao contrário, a elevação dovalor do salário mínimo e a existência de umarede de garantia de renda aos pobres contribuem para que a base dapirâmide social não seja a mais atingida, salienta oestudo. Pochmann indicou que osefeitos são válidos também para o interiorbrasileiro, como reflexo de programas sociais, entre os quais o BolsaFamília, a aposentadoria rural e o Benefício dePrestação Continuada de Assistência Social (BPC).Este é um direito garantido pela ConstituiçãoFederal de 1988 e consiste no pagamento de um salário mínimomensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas comdeficiência incapacitante para a vida independente e para otrabalho. De acordo com olevantamento do Ipea, em março deste ano, a taxa de pobreza noBrasil metropolitano foi de 30,7%, mostrando queda de 28,1% emcomparação ao mês de abril de 2004. Na comparaçãocom março do ano passado, a taxa caiu 1,7%, com reduçãode 670 mil pessoas da condição de pobreza. O ministro doPlanejamento, Paulo Bernardo, afirmou que a pesquisa confirma o desempenho mais favorável do Brasil na crise financeira internacional. Segundo ele, "os pobresnão estão pagando a crise".O preço maior está sendo pago pela indústria e pessoas físicas, disse Bernardo. Mas observou que o tamanho do problema está sendo maisdistribuído.