Crescem ações de despejo em São Paulo

17/05/2009 - 14h51

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - De janeiro a março deste ano, o movimento de ações de despejo por falta de pagamento na cidade de São Paulo aumentou, passando de 4.401 para 5.183, segundo o Tribunal de Justiça do estado. Um levantamento do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis (Secovi) de São Paulo indica que os casos de inadimplência cresceram 22%, em março, com 2.124 ações, equivalente a 86,7% do total. Os dados mostram que apesar de representar apenas 1% do movimento geral, os casos que tiveram origem na discordância entre inquilinos e locatários (43) sobre o valor cobrado atingiram o maior volume desde 1999 e foram 290,9% superiores a fevereiro.Segundo Jaques Bushatsky, diretor de Legislação do Inquilinato do Secovi, já é tradicional ocorrer aumento de casos de inadimplência nesse período do ano. Ele afirma, no entanto, que, neste ano, os efeitos da crise financeira internacional estão influenciando o aumento no número de casos. “A nossa sensação é de que a classe média é a que está sofrendo mais”, observa Bushatsky, lembrando que predominam os casos de inquilinos que pagam mensalidades em torno de R$ 1 mil.Embora tenha a mesma avaliação de que nos primeiros meses do ano os inquilinos sempre tendem a atrasar os pagamentos do aluguel, José Roberto Graiche, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), defende que não vê qualquer efeito da crise financeira sobre os negócios do setor. “É claro que estamos atentos sobre os rumos do mercado, mas essa é uma questão que, por enquanto, não nos preocupa”, afirmou Graiche.Ele observou que em razão do comprometimento da renda com as compras para as festas de fim de ano e outras despesas típicas do primeiro trimestre, como os gastos com o período do carnaval, é comum os inquilinos retardarem a quitação do aluguel. Questionado sobre o fato de os números do acumulado do trimestre serem maiores do que em igual período do ano passado, ele afirmou que o quadro não reflete retração no setor. “Estamos com o mercado dinâmico e com grande procura por imóveis para locação”, acrescentou.