Brasil e Uruguai negociam abertura de mercado para carnes brasileiras

15/05/2009 - 19h23

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileirovoltou a pedir ao Uruguai que libere a entrada de carne de frangoproduzida no Brasil e amplie o número de estados brasileirosautorizados a exportar carne bovina e suína para o paísvizinho. As demandas haviam sido apresentadas em novembro passado eforam reiteradas hoje (15) na 11ª Reunião da Comissãode Monitoramento do Comércio Bilateral Brasil-Uruguai,realizada em Brasília.Nos dois casos, os produtos brasileiros estãosujeitos a exigências sanitárias. Para abrir o mercadouruguaio para a carne de frango, o governo brasileiro propôsuma cota inicial de 1,8 mil toneladas por ano, com credenciamento dealguns frigoríficos que seriam fiscalizados pelo Uruguai. Ogoverno uruguaio ficou de analisar a demanda e dar uma resposta napróxima reunião da comissão bilateral, no finalde junho.“Estamos cientes da importância do assuntoe da necessidade de se chegar a uma solução”, afirmouo subsecretário do Ministério das RelaçõesExteriores do Uruguai, Pedro Vaz, ao final da reunião. Quanto às carnes bovina e suína, osrepresentantes brasileiros voltaram a alegar que não hámotivos para restringir as importações uruguaias aprodutos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paranáuma vez que os demais estados brasileiros também sãoreconhecidos como áreas livres de febre aftosa pelaOrganização Internacional de Epizootias (OIE). De acordo com o secretário de ComércioExterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, Welber Barral, as exportaçõesde carnes para o país vizinho não pesam tanto nabalança comercial, mas são fundamentais para acredibilidade do produto brasileiro. O Uruguai também produz muitos dessesitens, disse Barral. “O mercado uruguaio não éessencial para os exportadores brasileiros, mas tem uma importânciamuito grande no que se refere à imagem do produto brasileirolá fora”, explicou.Ainda no setor alimentício, o governobrasileiro manifestou preocupação com a entrada deleite em pó extra-bloco a preços abaixo dos de mercadoe propôs ao Uruguai a elevação da tarifa externacomum (TEC0 do Mercosul para 28% - nível já aplicadopelo Brasil. No Uruguai, o imposto é de 17%. “O Uruguai vaiavaliar para, eventualmente, tratarmos no âmbito do Mercosulcom os demais parceiros”, disse Barral. O embaixador uruguaio, no entanto, deixou clarotratar-se de um tema delicado. “No caso da TEC, é precisolevar em conta todos os fatores que afetam a todos os parceiros. Éum produto alimentício, tem a ver com os mercados internos ecom a relação entre a TEC e a liberdade de comérciointrabloco”, ponderou Pedro Vaz.Em fevereiro, o governo brasileiro chegou a abririnvestigação para verificar práticas desleais decomércio, como triangulação e subfaturamento, naentrada de leite em pó da Argentina. No primeiro trimestre, ovolume de importações de leite argentino cresceu 285%em relação ao mesmo período do ano passado,totalizando 21,5 mil toneladas. O produto estava entrando no Brasil aUS$ 1,7 mil por tonelada, contra uma cotação de US$ 2,2mil no mercado internacional. No final de abril, o Brasil e a Argentina firmaramum acordo pelo qual o país vizinho se compromete a nãopraticar preços abaixo dos do mercado internacional e alimitar as exportações para o Brasil em 2,5 miltoneladas por mês.