Setor siderúrgico quer volta da tarifa de 16% sobre importação

14/05/2009 - 9h24

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS),Flávio de Azevedo defendeu a volta da tarifação  deprodutos siderúrgicos importados, suspensa em 2005 pela Câmara deComércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior. Na ocasião a alíquota era  de 16%, conforme lembraAzevedo, e, com a entrada desses produtos  na lista de excessões daCamex  a tarifa foi extinta.  Azevedodestaca que, em razão disso,  o país está sendo vítima de práticapredatória comercial, pois há excesso de produção siderúrgica nomercado internacional, havendo ofertas ao mercado interno brasileiroque ficam abaixo do próprio custo da produção nacional. Azevedo lembra que, aofavorecer o mercado externo, o Brasil deixa de gerar empregos internamente epassa a favorecer a criação de postos de trabalho no exterior. A volta à normalidade, segundo ele "é mais do que justa parao fortalecimento do mercado interno, neste momento de criseinternacional". O  presidente do IBS recebeu nessa quarta-feira (13) em Brasília representantes de  entidades sindicais e disse que o instituto estáalinhado com eles para pressionar o governo a reverter o quadro atualna área das matérias primas siderúrgicas.  Depois do encontro, o presidente daForça Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse em entrevista que não apenas o setor empresarial siderúrgico mas também osegmento dos trabalhadores está muito preocupado com a  queda deprodução na indústria de transformação, da ordem de 44%, nos últimosquatro meses,  porque motivou a demissão de 15 mil trabalhadores.Segundo o sindicalista,  "enquanto todo o resto do mundo procura seproteger, o Brasil abre portas e janelas para os produtos metalúrgicosestrangeiros, principalmente da China, prejudicando a indústria econsequentemente agravando mais ainda a questão do desemprego". Eledisse que conversou sobre o assunto ontem (12) com o ministro daFazenda, Guido Mantega, mas não obteve resposta. A idéia, conformePaulo Pereira da Silva é estabelecer uma discussão ampla com a áreaeconômica e até com o presidente Lula para uma solução. Ovice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Pedro CelsoRosa afirmou também que precisam ser tomadas medidas rápidas, pois osetor automobilístico já começou a reagir. Segundo ele, há "um monte decoisas que têm também que ser discutidas, como a relação dostrabalhadores com as empresas, que é complicada, por isso é precisomontar uma agenda de trabalho com os empresários e falar com o governo"para tratar  de todos os assuntos. O presidente da ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da CUT, Central Única dosTrabalhadores, Carlos Alberto Grana destacou que a proteção da produçãonacional de aço é uma das medidas mais importantes que precisam sertomadas no momento já que o setor está correndo o risco de dar lugaraos produtos da China. De acordo com informações do IBS, aprodução acumulada na área siderúrgica no primeiro trimestre totalizou 5milhões de toneladas de aço bruto e 3,5 milhões de toneladas delaminados, o que significou queda de 42,1% e 46,6% respectivamentesobre o primeiro trimestre de 2008