Pesquisa do Ipea mostra que setor produtivo está apreensivo em relação à economia

14/05/2009 - 17h17

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor produtivocontinua apreensivo em relação à economiabrasileira. É o que mostra o indicador Sensor Econômicodo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), queregistrou no mês de abril 5,74 pontos. Divulgado hoje(14), o indicador avalia mensalmente as expectativas do setorprodutivo em quatro categorias: contas nacionais, parâmetroseconômicos, desempenho das empresas e aspecto social. Oindicador varia de -100 a 100. A pesquisa é feita com 115entidades que representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB), somadas riquezas produzidas no país. Essa foi a quarta vez que o Sensor Econômicoficou no limite da apreensão, caracterizado quando o resultadoestá no intervalo entre - 20 e 20. O diretor da divisãode Estudos Setoriais do Ipea, Marcio Wohlers, disse que, apesar do setor produtivo confirmar o indicativo de apreensão mais uma vez em abril, é possível concluir que as entidades vêm mostrando um pouco mais de confiançana economia, já que, em março, o indicador ficou menor, em 4,57. “ Háuma percepção de melhoria da situaçãoeconômica em geral. Com relação ao PIB, emparticular, os setores da economia estão fazendo projeçõesconsiderando uma queda”, afirmou.Wohlers disse, ainda, que a melhora do índiceem abril se deu porque as entidades têm a percepçãode que os indicadores da economia não devem piorar nospróximos meses. Já para o assessor técnico dapresidência do Ipea, Ricardo Amorim, a melhora pode serexplicada pelo fato da confiança do setor produtivo naeconomia estar ligada a uma compreensão da crise financeirainternacional. “Claramente, os empresários têmpercebido que o crédito não vai ser tão ruimassim, a demanda não está caindo como eles imaginavam ea margem de lucro não está caindo como elesacreditavam”, explicou.Entre os setores pesquisados, o que tem os pioresíndices de confiança é o da agropecuária.O índice do setor é negativo para trêscategorias, menos parâmetros econômicos, que ficou em32,5 em abril. Nas outras categorias, o índice foi de 10pontos negativos (contas nacionais), 2,5 negativos (desempenho dasempresas do setor) e 18,8 negativos (aspectos sociais).Segundo Amorim, a questão climáticafoi um dos pontos que afetou as expectativas do setor. “Aagricultura está muito insegura esse ano e, para piorar asituação, foi constatado, no últimoquestionário, o problema climático. Então, temosuma perspectiva ainda pior para esse sensor. Ela [a agricultura]vinha numa curva de confiança, mas foi afetada pelo clima”,disse.Já o setor entidades de trabalhadores éo que tem as melhores expectativas em relação àmaioria das expectativas, com exceção para aspectossociais, que apresentou 8,3 pontos negativos. “Eles estãoconfiantes no desempenho das empresas. Acreditam que a demanda nãovai cair, que as empresas não devem reduzir a massa salarial”,observou Amorim. Os índices das outras categorias, para osetor, foram 16,7 pontos (contas nacionais), 63,3 pontos (parâmetroseconômicos) e 28,6 pontos (desempenho das empresas).