Em João Pessoa, programa já alfabetizou mais de 7 mil operários

14/05/2009 - 10h31

Da Agência Brasil*

Brasília - Se os trabalhadores não podem ir à escola, em JoãoPessoa (PB) é a sala de aula que vai até o canteiro deobras. O projeto Escola Zé Peão alfabetiza desde 1991operários de construção e do mobiliário.As aulas ocorrem de segunda à sexta-feira , duranteduas horas, no período da noite.“Elestrabalham muito, então não adianta oferecer mais do queduas horas porque aí eles saem, vão embora”, explicaMaria José Moura Araújo, uma das coordenadoraspedagógicas do projeto.Osparticipantes são, em sua maioria, homens, entre 18 e 56 anos,muitos vindos do interior do estado. Há dois programasdiferentes: um que atende os operários sem escolaridade e o“tijolo sobre tijolo”, para aqueles que já sabem ler eescrever, mas querem melhorar as habilidades.

Maisde 7 mil já foram alfabetizados desde 1991. Para este ano, aexpectativa é alfabetizar 300 pessoas que já estãomatriculadas em 13 turmas. A iniciativa éresultado de uma associação entre a Universidade Federal da Paraíba(UFPB) e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria daConstrução e Mobiliário de João Pessoa(Sintricom).

Ametodologia de ensino se baseia em três princípios,a contextualização, que consiste em trabalhar dentro darealidade em que o aluno está inserido; a significação,que é dar significado àquilo que ele aprende e aespecificidade escolar.

Segundoa coordenadora pedagógica, o sucesso do projeto se deve àmotivação e mobilização dostrabalhadores. De acordo com ela, atualmente há uma grandepressão nas empresas para que os operários voltem aestudar, mas nem sempre foi assim.

Noinício a gente teve muita dificuldade até deconvencimento da importância de eles estudarem. As empresasqueriam nos ver longe, porque achavam que era um projeto dosindicato, mas aos poucos ele foi se firmando como um projeto escolarde fato e hoje já tem empresas que solicitam.”

Masnão é apenas a pressão do mercado que leva osoperários a voltarem a estudar, muitos retornam àescola pela realização pessoal. “Eles têm esse motivoque é a pressão do mercado, mas outros dizem que têmdesejos, que sonham, que querem ajudar os filhos, que os filhos jáestão passando deles no saber”, conta Maria José.

Alémda alfabetização, há algumas ações paralelas,como a biblioteca volante, que circula nas salas e empresta livrospara os alunos, e atividades extraclasse. “Sempre que possívela gente leva os alunos para alguma atividade fora da aula, comoconhecer espaços que foram construídospor eles e historicamente negados pelo poder econômico”,afirma a coordenadora.