TV pública tem que buscar audiência sem fazer concessão na qualidade, diz Cruvinel

11/05/2009 - 23h52

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O papel da televisão pública na democratização dos meios de comunicação foi debatido hoje (11), na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. O debate contou com a participação do presidente da ABI, Maurício Azedo, e da presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel. Também estiveram presentes representantes da sociedade civil e de setores do audiovisual, cinema e jornalismo.Cruvinel falou sobre a experiência da implantação do sistema de comunicação pública no país e foi questionada sobre as formas de aumentar a participação da sociedade na produção final da TV Brasil, rede pública implantada no ano passado, reunindo emissoras de vários estados em torno de uma mesma proposta.A presidente da EBC afirmou que o maior desafio da empresa para garantir o compromisso com a comunicação pública é justamente aumentar a audiência, oferecendo uma produção de qualidade. Segundo Cruvinel, a TV pública, aqui e em todo o mundo, deve cumprir um papel complementar. Exibir uma programação diferenciada, fazendo o que não é feito pela televisão comercial, oferecendo conteúdo de caráter mais educativo, cultural, científico e informativo.“Mas fazer isso sem se conformar em ser um gueto sem audiência. O maior desafio de uma televisão pública é alcançar o maior número de cidadãos, mas sem fazer concessões na qualidade de sua programação”, disse.Segundo Cruvinel, a audiência da TV Brasil não vai se consolidar no curto prazo. “Sabemos que, em pouquíssimo tempo, não vamos ser uma televisão tão referencial. Mas também não é verdade que tenhamos audiência traço. Temos pesquisas que apontam variações em torno da programação. Há programas com melhor ou pior desempenho. Mas essa programação que está no ar é uma pequena parte ainda produzida pela própria TV Brasil. Temos ainda muita remanescência do sistema anterior. Este ano ainda vamos fazer muitas mudanças na programação”, afirmou.Outro investimento previsto para este ano, segundo a presidente da EBC, é o aprimoramento do portal de notícias da Agência Brasil na internet. “Nós estamos atrasados nisso porque precisamos investir em tecnologia de informação (TI), para termos um portal de convergência de mídias. Mas ainda este ano vamos fazer investimentos em uma plataforma de TI que nos permita fazer isso”, disse.Para o presidente da ABI, o investimento na comunicação pública é vital para garantir a democracia plena no país. “O objetivo é ajudar a modificar a consciência do povo brasileiro e propor ações da cidadania que apontem na direção do progresso material e espiritual do país. Esse é o papel que deveria ser da televisão em geral, mas que é particularmente necessário em uma TV pública”, afirmou Azedo.