Governo pretende impedir que especuladores migrem para poupança, dizem centrais sindicais

12/05/2009 - 21h06

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo pretende criar dificuldades para que especuladores migrem para a caderneta de poupança, em vez de reduzir os rendimentos da aplicação, disseram hoje (12) representantes das centrais sindicais que estiveram reunidos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo eles, o ministro reafirmou que os atuais poupadores não terão prejuízo com possíveis mudanças na caderneta.O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que a equipe econômica não adiantou nenhuma medida, nem deu prazo para as alterações serem anunciadas. De acordo com ele, Mantega afirmou que o governo deverá criar um mecanismo para diferenciar quem aplica as economias na poupança de quem aproveita a redução dos juros para especular.“O que o governo pretende é criar barreiras para que especuladores venham para poupança à medida que os juros caem e a poupança passa a ser atrativa”, explicou Paulo Pereira. Ele, no entanto, negou que o ministro tenha mencionado a criação de um limite máximo para as aplicações.Na reunião, as centrais sindicais reivindicaram medidas de ajuda a segmentos da economia afetados pelo desemprego, principalmente os setores de máquinas, carnes e aço. Somente o setor de carnes, segundo o presidente da Força Sindical, fechou 36 mil postos de trabalho desde o final do ano passado. A indústria de máquinas demitiu 15 mil pessoas nesse período e pode dispensar ainda mais empregados. “Se nada for feito, o setor de bens de capital pode demitir mais 50 mil nos próximos meses”, advertiu.Em relação ao setor de carnes, Mantega prometeu apressar, conforme os sindicalistas, o início das operações da linha de crédito de R$ 10 bilhões do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Anunciada há quase um mês, a linha financiará o capital de giro de empresas ligadas ao agronegócio, mas até agora o dinheiro não foi liberado.Segundo o secretário de Finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jaci Afonso, os recursos já estão disponíveis, mas a liberação dependerá da capacidade de os empresários honrarem os compromissos. “O ministro disse que o dinheiro para os dois bancos já está garantido, mas a liberação só será ágil para quem não estiver inadimplente”, declarou.Para o setor de máquinas, as centrais sindicais propuseram a redução de impostos, tanto federais como estaduais. De acordo com o presidente da Força Sindical, no entanto, o governo apenas informou estar estudando a redução de impostos para equipamentos agrícolas, medida que ele considera insuficiente. “Não só as máquinas agrícolas, mas todo o setor de bens de capital está com problemas e precisa de uma política específica”, disse Paulo Pereira.O presidente da Força Sindical defendeu que os bens de capital tenha redução dos tributos federais Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), e do tributo estadual Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Os impostos sobre as máquinas, atualmente em 22%, poderiam cair quatro pontos percentuais se o governo federal diminuísse a alíquota em dois pontos e o estado de São Paulo, onde se concentram 40% das máquinas, reduzisse o ICMS também em dois pontos”, explicou.Além de discutirem o desemprego e as possíveis alterações na caderneta de poupança, as centrais sindicais reivindicaram medidas adicionais para combater a crise econômica. Entre as sugestões apresentadas, estão a ampliação do crédito, a redução do spread bancário (diferença entre os juros que os bancos cobram dos tomadores de empréstimos e os custos de captação de recursos) e a presença de representantes dos trabalhadores no Conselho Monetário Nacional (CMN).