Falta de pesquisa dificulta identificação dos problemas de violência na escola

12/05/2009 - 21h48

Da Agência Brasil

Brasília - A ausência depesquisas sobre a violência nas escolas públicas foicitado pelo pesquisador do Núcleo de Estudos da Violênciada Universidade de São Paulo, professor Renato Alves, como umobstáculo para identificar, avaliar e combater o crescimentoda violência no ambiente escolar.Alves disse ainda que aviolência na escola se intensificou a partir de 1980, e quemuitos fatores estariam na sua origem, desde as condiçõesprecárias das instituições até a falta dediálogo entre os diversos personagens envolvidos no processo(alunos, professores, pais e autoridades educacionais).

“Podemos dizer que muitas vezes aviolência se aprende na escola, além de ser entendidacomo a falta de diálogo. A escola deveria ser o espaçoda fala, da democracia. As condições precáriasde muitas instituições e o ensino de baixa qualidadeestabelece o início da violência, pois o aluno se senteno direito de usar de forma indevida o espaço público”, disse.A violência nasescolas públicas foi tema de audiência realizada hoje (12) naComissão de Educação e Cultura da Câmara.O deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), autor da audiência, disseque a medida tem como objetivo o surgimento de propostas para oenfrentamento da violência no ambiente escolar.Segundo Maluly, a ideiasurgiu da preocupação com a atuação dasescolas, que deveriam orientar e preparar as crianças paraviverem em sociedade, e não só direcioná-las aomercado de trabalho e ao vestibular. “A super lotaçãodas salas de aula, o sentimento de exclusão gera na mente dacriança e do adolescente a necessidade de se impor, buscandona violência essa alternativa”, disse.

O pesquisador propõe que, paracombater a violência, a educação deve ser voltadapara os valores de se viver em sociedade, além da criaçãode políticas públicas. No entender de Alves, tem queexistir políticas de integração entre o campo detrabalho, a cultura e a segurança. Além da criaçãode pactos, dentro da própria escola, objetivando o fim daviolência.

Para o diretor do Programa Paz nasEscolas, João Roberto Araújo, a violência podeser caracterizada como explícita e implícita. Eleexplicou que a violência explícita são asagressões físicas, as mais visíveis. Enquanto aimplícita é verbal, afeta o psicológico daspessoas, é invisível, e que hoje está muitopresente nas escolas públicas.

João Araújo disseainda que nem sempre a violência surge na escola, mas quecomeça dentro da própria família. “Oadolescente ao presenciar dentro de sua casa as agressõesfísicas e verbais, passa a usá-las nos ambientes quefrequenta. É preciso que a sociedade saiba diferenciar essesdois tipos de violência, para que, com o governo, possa criarpolíticas de enfrentamento”, afirmou.