Comissão Mundial de Energia defende integração energética da América Latina e o Caribe

12/05/2009 - 19h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo que serádivulgado amanhã (13) pelo Conselho Mundial de Energia (CME) avalia que há recursos energéticos suficientesna América Latina e no Caribe para promover a integraçãoenergética da região, a partir da elaboraçãode projetos multilaterais que serviriam para mais de um país.A Agência Brasil conversou hoje (12) com o vice-presidente do CME para a América Latina e o Caribe, Norberto de Franco Medeiros, que adiantou alguns pontos do estudo. A divulgação será feita no Seminário deIntegração Energética da América Latina edo Caribe, no auditório de Furnas Centrais Elétricas,que se realiza amanhã no Rio de Janeiro. O estudo do CMEconsolidou os 40 principais relatórios sobre o setorexistentes no continente, dos quais foram selecionados 13, comatualização feita pelo Instituto de Economia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e pela Universidadede Buenos Aires (UBA). Medeiros destacou que aintegração energética da região é importante“porque é o primeiro passo para a integraçãoeconômica, social e cultural dos países”. Ele lembrou que,na Europa, esse processo começou há 60 anos, com aComissão Européia para o Carvão e para o Açoe, atualmente, os países europeus têm um mercado e umamoeda comuns. “Isso é uma coisa fantástica”, avaliou. O estudo do CME prevê que haja também na América Latina e no Caribe umaintegração energética. Medeiros citou o exemplo do gás,cuja oferta é elevada na Bolívia, no Peru, na Argentina e,agora, no Brasil e na Venezuela. “Então, provavelmente, vãosurgir no futuro possibilidades de você utilizar esse gásde uma forma conjunta”. O vice-presidente do conselho advertiu que se não forpromovida essa integração energética,“dificilmente você faz a integração procurada,que é a integração política eeconômica”. O documento identificouque existe energia em abundância na região, alémde custo de oportunidade baixo. “E existe um ganho de vocêfazer a interconexão dos projetos”, sinalizou. Segundoele, os países precisamentender que a integração é importante e quecomprar energia do vizinho não implica em vulnerabilidade. Na análise de Medeiros, aintegração energética vai melhorar a condição de vida das pessoas, sobretudo das mais pobres. O estudo sugere também que sejam facilitadas a transferência de tecnologia e acriação de esquemas de financiamento para promover aintegração desses projetos. Os países devem,ainda, encorajar os investimentos diretos, sejam privados oupúblicos. Medeiros admitiu que a crisefinanceira internacional pode dificultar o processo de integraçãoenergética na região, mas lembrou que a própriacrise pode apontar oportunidades, que têm de ser aproveitadaspelas nações. “O que não sepode é perder os objetivos de longo prazo, entre os quais sedestaca o atendimento à demanda, que vai ser semprecrescente”. Ele disse que não devem ser esquecidos também osproblemas das mudanças climáticas e da pobreza. Outra conclusão é que a realização deprojetos multilaterais torna o seu custo mais barato para os países e que eles podem resolver esses problemas, visando à energia limpa esustentável. O CME constatou que, para promover a integração, é preciso compatibilizar osmarcos regulatórios existentes, para permitir que os projetossejam feitos. Segundo Medeiros, os países do Caribe játêm um projeto em andamento, que prevê um marcoregulatório mínimo, para propiciar a interligaçãodos países, por meio de uma linha de transmissão.