Brasil cai em ranking olímpico que considera PIB e tamanho da população, mostra Ipea

12/05/2009 - 7h24

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o desempenho brasileiro na última Olimpíada, realizada em Pequim (China) no ano passado, considerado insatisfatório, é ainda pior se considerados a riqueza econômica do país, o tamanho da população e a esperança de vida ao nascer. O país ficou em 20º lugar no quadro geral de medalhas. “O Brasil, contudo, em discordância com o elevado PIB [Produto Interno Bruto de US$ 1,9 trilhão, considerada a paridade dopoder de compra] e com sua numerosa população [hoje, mais de 191milhões de pessoas], não apresentou resultado de acordo com asexpectativas, pois não foi eficiente sob nenhum critério e nem bemcolocado no ranking oficial”, resume a pesquisa Avaliação da Eficiência Técnicados Países nos Jogos Olímpicos de Pequim – 2008.De acordo comAlexandre Marinho, Simone de Souza Cardoso e Vivian Vicente de Almeida,autores do estudo, o Brasil cai no ranking oficial e passa para o47º lugar entre os 55 países que ganharam medalha de ouro naquelesjogos; ou 51º, se considerado o total de medalhas entre os 87países que chegaram a ocupar lugares nos pódios nasdiversas disputas realizadas em Pequim.A vantagem da “abordagemda eficiência” feita no estudo é que permite uma avaliação maisaproximada das condições de desempenho. “Assim como países muito ricose/ou populosos [como os Estados Unidos e a China] demonstram grandecapacidade em gerar equipes e atletas vitoriosos, países com pequenoPIB e população reduzida, mas que atingem resultados relevantes demedalhas, também seriam considerados eficientes [como Jamaica, Mongóliae Zimbábue]”, compara a análise.Conforme o economista AlexandreMarinho, “o Brasil não só ganha poucas medalhas, como é ineficiente naprodução de medalhas. Em termos relativos, o país vai muito pior do queno ranking oficial”. Ele calcula que se o Brasil tivesse desempenhoproporcional à sua riqueza, expectativa de vida e tamanho da população, deveria ter conquistado 21 medalhas de ouro, 18 de prata e 26 de bronze para ser considerado “eficiente”. Se considerados  PIB, população e longevidade, o Brasil deveria ter disputadoposição em Pequim com a Rússia, que terminou a competição em 3º lugar,com 57 medalhas a mais que o Brasil, 20 só de ouro. “Por esse quadro, oBrasil deveria ser uma potência olímpica, por que é que nós nãosomos?”, pergunta Alexandre Marinho, que entre os países mais populosossó vê a Índia com desempenho mais “sofrível” do que o brasileiro. Oeconomista esclarece que o objetivo do estudo não é explicar as razõesdo rendimento medíocre do Brasil nas olimpíadas, mas “fotografar essemau desempenho”. A análise, no entanto, afasta a hipótese de que o bomdesempenho tenha a ver com a situação socieconômica. “O Brasil temproblema na estrutura esportiva mesmo”, disse. A reportagemda Agência Brasil entrou em contato com o Comitê Olímpico Brasileiro ecom o Ministério do Esporte para repercutir o estudo do Ipea. O COBpediu prazo até sexta-feira (15) para responder e o ministério não deu retorno até o fechamento da matéria.