Bancos reduzem previsão do PIB e aumentam expectativa de inadimplência

12/05/2009 - 19h00

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As instituições financeiras diminuíram a expectativa sobre o crescimento da economia e aumentaram a previsão de inadimplência, de acordo com levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgado hoje (12). O Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ficar em 0,01%(a pesquisa anterior apontava um crescimento de 0,03% do PIB),  mas a economia começa apresentar  indicações de melhora.

A expectativa de inadimplência alcançou o recorde de 5,9%. Antes, o maior índice havia sido verificado em setembro de 2000, quando se esperava que 5,7% dos devedores atrasassem os pagamentos. A previsão de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também foi alterada, de 4,3%, para 4,4%, aproximando-se do centro da meta do Banco Central  de 4,5%.

No entanto, na avaliação do economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, a pesquisa como um todo aponta que o mercado financeiro acredita em uma estabilização da economia brasileira. “Parece que a economia encontrou um novo patamar, ou seja, parou de piorar e começa a ter indicações de melhora”, disse.

Um dos indicativos dessa estabilização é a perspectiva de crescimento das operações de crédito em 14,2%, mesmo número verificado em março. Para Sardenberg, o dado sinaliza “uma melhora na disposição dos bancos para emprestar”.

Segundo o economista, pode haver inclusive uma queda nas taxas cobradas pelos bancos. Ele ressaltou que os juros cobrados atualmente são baseados nas estimativas dos meses anteriores, quando era prevista uma deterioração do cenário mundial.

Para a taxa básica de juros, a Selic, a Febraban  manteve a estimativa do levantamento anterior de que vá terminar o ano em 9,25%. Atualmente, a taxa está em 10,25%, mas a expectativa é de que haja uma redução de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária( Copom), do Banco Central (BC) em junho e outra diminuição no encontro de julho.

Os estudos das instituições financeiras indicam que as recentes quedas na cotação do dólar - sinalizando uma entrada de capitais estrangeiros no país- e a alta da Bovespa  seriam indicares iniciais de uma melhora na economia. De acordo com Sadenberg, a expectativa dos bancos é de que o Brasil saia rapidamente da crise assim que haja uma melhora da economia em nível mundial. “No momento que houver uma melhora [da economia mundial], o Brasil pode melhorar mais rapidamente e de forma mais intensa”, destacou. A  pesquisa apontou que a moeda norte-americana deve fechar o ano valendo R$ 2,17.

A Pesquisa de Projeções e Expectativas de Mercado, é feito com bancos associados à instituição sempre depois que o Copom divulga a ata da reunião em que decide sobre a taxa básica de juros. A entidade pede que sejam feitas projeções macroeconômicas e que se responda sobre as expectativas de mercado, especialmente quanto a questões relativas ao sistema financeiro. No levantamento deste mês, foram ouvidos 31 bancos, privados e públicos.