Tabela do BC mostra que juros bancários não acompanham ritmo de queda da Selic

11/05/2009 - 20h29

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com defasagem de duas semanas, o BancoCentral (BC) divulgou no último sábado (9), em suapágina na internet, a tabela de juros praticados pelasinstituições financeiras de 20 a 27de abril. O período é anterior à data da terceiraredução da taxa básica de juros (Selic) neste ano,que perdeu mais 1 ponto percentual no dia 29 e caiu de 11,25% para10,25% ao ano.É o juro básico mais baixo dahistória do Comitê de Política Monetária(Copom) do BC, criado em 1996. Essa taxa remunera os títulospúblicos depositados do Serviço Especial de Liquidaçãoe Custódia (Selic) e serve de parâmetro para o custo dodinheiro nas operações bancárias.Apesarde a taxa Selic ter perdido 3,5 pontos percentuais de janeiro aabril, os juros nas operações bancárias nãoacompanharam o ritmo de queda determinado pelo Copom. Em algunscasos, eles até aumentaram, como os do cheque especialcobrados pelo Bradesco das pessoas físicas, que eram de 8,56%em março, caíram para 8,44% na primeira semana deabril, de acordo com pesquisa do Procon de São Paulo, eaumentaram para 8,58% na tabela publicada pelo BC.A pesquisado Procon-SP, realizada nos dias 6 e 7 de abril, detectou reduçõesdas taxas no empréstimo pessoal e no cheque especial peloquarto mês consecutivo. Em dezembro de 2008, a taxa médiado empréstimo pessoal era de 6,25% e, no início deabril, de 5,74%, com queda de 0,51 ponto percentual. No cheque especial,a taxa média era de 9,33% e caiu para 9,03%, com queda de 0,30ponto percentual, longe, portanto, de acompanhar a reduçãoda Selic.“O cheque especial é o dinheiro mais carodo mercado financeiro, e só deve pegá-lo quem nãotiver outra saída”, afirma o professor de economia daUniversidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, Para tercerteza disso, basta dar uma olhada na tabela do BC, que traz osjuros praticados em quatro modalidades de operações compessoas físicas e cinco com pessoas jurídicas.AFundação Procon-SP deve divulgar nos próximosdias os resultados da pesquisa deste mês sobre juros bancários,mas já recomenda que o consumidor fique atento às taxasde juros e não se precipite na contrataçãode empréstimos desnecessários. De acordo com afundação, a tendência de queda dos juros, puxadapelo movimento dos bancos oficiais, indica a preocupaçãodo governo em estimular a competição entre os bancos.Por isso, convém esperar, diz o Procon.Tomando por base as dezprincipais instituições financeiras do país,verifica-se que o cheque especial com juros mais baixos é o daCaixa Econômica Federal, que cobra 6,28% ao mês,equivalentes a 61,27% da taxa Selic atual, de 10,25% ao ano. O Banco do Brasil, a Nossa Caixa e o BancoSafra praticam juros do cheque especial entre 7% e 8%, enquanto asmaiores instituições privadas nacionais vãoalém. As taxas mais altas do cheque especial sãocobradas pelo ABN Amro Real (9,14%) e pelo Santander (9,26%).Oônus que recai sobre o crédito pessoal também nãoé baixo, embora menos pesado que o do cheque especial. Astaxas colhidas pelo BC indicam, do menor para o maior: Caixa (2,23%ao mês), BB (2,46%), Nossa Caixa (2,61%), Real (3,66%),Santander (4%), Itaú (4,50%), HSBC (4,78%), Bradesco (5,12%) eo Banco Safra (5,79%). Algumas financeiras cobram ainda mais, como aCetelem Brasil (22%) e a Crefisa (18,99%).Para a compra deveículos, por pessoa física, os juros são maisbaixos, variando de 1,49% na Caixa a 2,56% no Banco Safra. Nofinanciamento de bens eletroeletrônicos, as taxas vão de1,75%, no Santander a 4,07% no HSBC. Na Caixa, os juros nesse casosão de 3,16% ao mês.As taxas também sãoaltas para pessoas jurídicas (empresas) – a modalidade quecobra menos é a de capital de giro com juros flutuantes, quevaria de 1,19% ao mês, no ABN Amro Real, a 1,90%, no Itaú.Na de capital de giro com juros prefixados, vai de 1,95%, na Caixaaté 3,37% na Nossa Caixa.Os empresáriosencontram taxas semelhantes também para a aquisiçãode bens, com variações de 1,78%, no HSBC, a 2,77%, noBanco Safra. Os juros aumentam um pouco no desconto de duplicatas, de2,29% no Banco do Brasil a 3,43% no Itaú; e evoluem mais aindanas operações de conta garantida, com variaçõesde 2,85% no Real a 8,73% ao mês no HSBC.