Justiça vai apurar bloqueio feito por índios em estrada da Raposa Serra do Sol

11/05/2009 - 16h25

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ojuiz federal Reginaldo Márcio Pereira, auxiliar do presidentedo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Jirair Meguerian, no processo de desocupação daTerra Indígena Raposa Serra do Sol, está em Roraima evai averiguar entre hoje e amanhã um bloqueio feito na semanapassada por índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) em uma estrada da reserva, que serve deligação entre fazendas fora da área demarcada ea BR-401, a aproximadamente 160 quilômetros de Boa Vista. Agentesda Polícia Federal (PF) estiveram no local e constataramcercas de arame farpado em dois pontos da estrada. Um eventualdesbloqueio forçado poderá vir a ser autorizado pelojuiz. Produtores rurais estariam sem condições deescoar sua produção. "Aindanão posso antecipar o que será decidido. Jáfalei com a PF e com a Funai [Fundação Nacional doÍndio], mas quero ter informações precisas sobrea situação da estrada, sua ligação e otráfego de veículos por lá. Até amanhãisso será resolvido”, afirmou Pereira em entrevista àAgência Brasil. Segundo a direção do CIR, a entidade fez um acordo há um ano com produtores rurais e com o governo federal para que a estrada agora bloqueada não fosse mais utilizada pelos brancos. À época, ficou acertado que seria construída uma estrada alternativa, fora dos limites da Raposa Serra do Sol, em aproximadamente três meses. Como as providências para o cumprimento do acordo nunca foram feitas, a comunidade Jacarezinho decidiu fechar a estrada com cercas. "Existia lá muita perturbação de carretas e carros passando dentro de aldeia. E também o gado dos indígenas acabava saindo pela estrada, vazando para áreas dos brancos e depois era difícil recuperar. Por isso foi tudo cercado, no limite da terra indígena", justificou o coordenador geral do CIR, Dionito José de Souza. Naavaliação da Justiça Federal, o cronograma dedesocupação dos últimos brancos remanescentes naterra indígena está sendo cumprido com tranquilidade.Na próxima quarta-feira (13) se encerra o prazo para que funcionáriosde rizicultores terminem a colheita pendente após o dia 30 deabril, data limite estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF)para a saída espontânea dos não índios dareserva.Famíliasque moravam em vilas na Raposa Serra do Sol foram reassentadas emcasas populares no bairro cidade Satélite, em Boa Vista.Outras, que optaram por lotes rurais, terão que aguardar obrasde infraestrutura para melhorar o acesso às terras indicadas.Restamapenas questões pontuais para ser concluída adesocupação. "Alguns produtores alegam que ainda nãoforam reassentados, tem o restante do arroz, um gado que estáem região de difícil acesso próximo da fronteiracom a Venezuela e casos de moradores que estão buscandoprovar a descendência indígena”, explicou o juizfederal Lincoln Rodrigues, que também auxilia o desembargadorMeguerian."O mais importante é que está ocorrendo tudo com a máximatranquilidade e sem violência”, acrescentou.