Jovem comerciário vive dilema entre inserção no mercado de trabalho e ascensão profissional

11/05/2009 - 19h21

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Porexigir pouca qualificação, oferecer saláriosbaixos e associar os produtos com a vitalidade e a beleza própriasda juventude, o comércio é um dos setores com maisoportunidades de emprego para os jovens. A constatação está no terceiro número do Boletim Trabalho no Comércio, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas eEstudos Socioeconômicos(Dieese).

Pelosdados do estudo, aproximadamente 25% dos ocupados no comérciopossuem entre 16 e 24 anos. No comparativo das regiõesmetropolitanas, Belo Horizonte tem o maior número dejovens comerciários, 27,3% do total de vagas. Recife éa região com o menor percentual, 19,1%.

O estudo também revela que a falta de experiência e a necessidade de ter uma renda pressionam os jovens a trabalhar, muitas vezes, sob carga de trabalho pesada e a abrir mão de direitostrabalhistas.

EmSalvador, 26,7% dos ocupados no comércio, entre 16 e 24 anos,estavam contratados sem carteira assinada, proporçãoque cai para 11,3% entre os maiores de 25 anos. O número detrabalhadores precários entre os jovens chega a 30,9% emRecife, contra 17,4% entre os mais velhos.

Asituação de emprego precário, somado a cargas detrabalho que variam de 40 a 48 horas semanais, de acordo com olevantamento, afastam os jovens dos estudos e dificultam as chancesde ascensão profissional. Segundo a técnica do Dieese,Catia Uehara, o “mercado acaba sendo perverso e o futuro dele[oprofissional] acaba sendo comprometido”. Constataçãoque se apoia nos números de jovens comerciáriosque permanecem estudando: são apenas 25,3%, em São Paulo, e 28,7%, em Porto Alegre e Salvador.

Osrendimentos também são inferiores para os mais jovens.No Distrito Federal os comerciários com até 24 anospossuem uma média salarial de R$ 578 o que representa68,3% dos R$ 848 recebidos pelos maiores de 25. Em Recife, onde adistância é menor, a proporção é de82,9%, com a média salarial de R$ 418 para a faixa de 16 a24 e R$ 504 para os adultos.

Deacordo com Uehara, os baixos salários se justificam pelo fatodo comércio não valorizar os jovens. Segundo ela, atendência é que o profissional com menos de 25 anos sejademitido após dois anos de serviço, para evitar que elese torne “caro” para a empresa. Com isso, ele estará sempre passando por sucessivas recolocações no mercado e porconsequência sempre ganhando um salário próximoao inicial.