Concentração populacional favorece homicídios e suicídios de índios Guarani Kaiowá

10/05/2009 - 14h17

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Levantamento divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário(Cimi) durante o Acampamento Terra Livre, organizado na última semanaem Brasília, mostra que 42 índios da etnia Guarani Kaiowá foramassassinados em 2008. No ano passado, também ocorreram 34suicídios.“Semterra, não tem muito sentido a vida”, disse AnastácioPeralta, líder indígena de Mato Grosso do Sul. ParaPeralta, há uma “política de extermínio”contra os indígenas que não querem “viver em favela”ou em reserva com superconcentração populacional paraos padrões dos GuaraniKaiowá.Naopinião do procurador Marco Antônio Delfino de Almeida,do Ministério Público Federal em Dourados, as mortesviolentas dos índios resultam da política decolonização iniciada na década de 1920. “A política do Estado gerou desestruturação,uma perda de relações familiares e outras consequênciascomo a falta de recursos naturais para prover a comunidade”,disse o procurador lembrando que os índios chegaram a serassentados em área por onde não passava nem rio.Oprocurador Emerson Kalif Siqueira, do MPF em Campo Grande, explicouque a política de colonização resultou noquadro de hoje (agravado pela pressão do agronegócio).“Se estivessem em área maior, não teria ocorridoprimeiramente a mistura de grupos distintos, ou de aldeiasdistintas”, afirmou. Segundo ele, com o aumento do número de índios, ocorreram “disputas de espaço e poder”e generalizou um quadro psicológico de “depressão”.Oantropólogo Fábio Mura, que fez uma pesquisa e trabalho decampo na região dos GuaraniKaiowá durante sete anos, explicou que a cultura da etnia exigeque os grupos familiares estejam mais isolados. “Um distanciamentoespacial suficiente para reproduzir continuamente espaçosdomésticos sem ter como vizinho imediato uma famíliainimiga”, afirmou.