OMS mantém nível cinco de alerta para pandemia da gripe suína

08/05/2009 - 22h15

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar do crescente número de casos confirmados e países atingidos pela gripe suína, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mantém o nível cinco de alerta da pandemia mundial. O alerta máximo, de número seis, só deve ser decretado quando for confirmado o contágio entre pessoas que nunca estiveram em áreas afetadas. “Não temos ainda nenhuma evidência de que, na Europa ou em outro continente, exista a transimssão sustentável na comunidade. Isso não quer dizer que a fase seis não esteja em permanente análise pelos especialistas da organização”, afirmou hoje (8) o gerente da Unidade de Prevenção e Controle de Doenças da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Rubén Figueroa. “A possibilidade existe, sem dúvida alguma, mas não se pode dizer que seja iminente”, disse. Segundo último balanço da OMS, há 2.500 casos confirmados em 25 países, com 44 mortes – 42 no México e duas nos Estados Unidos. O balanço não incluiu a morte de uma pessoa no Canadá, na tarde de hoje. O balanço considera apenas 1.204 casos no México e 896 nos Estados Unidos, enquanto os governos dos dois países divulgam números diferentes. No primeiro, mais de 1.300 casos e, no segundo, pouco mais de 1.600. Figueroa alertou, no entanto, que o aumento do número de registros não é, necessariamente, uma expressão fiel da transmissão da doença e, sim, da capacidade dos países de fazer o diagnóstico laboratorial. “A informação em termos numéricos não é o que mais preocupa. Cifras e dados estão varianado dia a dia, hora a hora. A informação epidemiológica mais relevante, agora, é a distribuição geográfica da doença”, destacou. Além dos 25 países com casos confirmados, outros doze países têm casos prováveis. A lista não inclui a Argentina, que confirmou hoje um caso. Nas Américas, oito países têm casos confirmados e os mais preocupantes são México, Estados Unidos e Canadá. Estudos realizados pela OMS nesses três países confirmaram a informação de que o grupo populacional mais afetado é o de jovens sadios. “Temos mais interrogações que respostas sobre o porquê da mortalidade registrada no México”, disse o representante da Opas. Segundo ele, há indícios de que a condição econômica pode interfirir na evolução da doença. “Qualquer doença transmissível tem um impacto negativo muito maior em populações pobres”, ressaltou Figueroa.Nesse sentido, o governo brasileiro deve estar alerta, de acordo com Figueroa. “O plano de contingência do Brasil, na prática, está sendo bem executado, mas isso não quer dizer que a situação não possa se complicar. O Brasil tem condições de desenvolvimento muito diferentes entre algumas cidades, algumas populações. Se a doença acomete populações pobres, a situação poderia ser diferente”, alertou. De acordo com a OMS, aparentemente, no mundo todo, a gripe suína tem apresentação clínica leve, semelhante a de outras gripes. “Parece que tende a estabilizar-se em produzir casos leves. Mas a situação ainda não é conclusiva”, ressaltou. O representante da Opas afirmou que, no entanto, qualquer tipo de gripe tem variação sazonal. Por isso, a pandemia da gripe suína pode durar dois anos, em ciclos de quatro a cinco meses, em diferentes blocos de países e regiões do mundo. No próximo dia 14, a OMS reunirá, em Genebra, especialistas da área de produção de vacinas e profissionais da área de saúde para analisar, em nível mundial, se já há dados suficientes para a produção, em grande escala, da vacina contra o vírus H1N1, causador da gripe suína.