Prefeitos do Nordeste e Sudeste representam maioria entre cassados desde eleição de 2008

06/05/2009 - 18h18

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre prefeitos cassados recentemente, segundo levantamento feito pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), divulgado hoje (6), a maior parte administravacidades do Nordeste (39) e do Sudeste (38). Na Região Sul perderam omandato 23 administradores municipais, na Centro-Oeste, dez, e na Norte, nove.MinasGerais foi o estado recordista em cassação de prefeitos, com 26 perdasde mandato, seguido pelo Paraná, onde houve 14 cassações. O Cearáliderou o ranking de vereadores cassados, com 19 cassações. No Piauí,segundo da lista, 15 vereadores perderam o mandato.Para orepresentante da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores ePromotores Eleitorais (Abramppe) no MCCE, Márlon Reis, os númerosindicam que a prática da corrupção eleitoral é comum em todas asregiões e estados do Brasil.“A corrupção eleitoral nãomanifesta sua força apenas em regiões menos desenvolvidas. Tem mais aver com uma cultura patrimonialista do que com a distribuição de renda”,avaliou Reis.Apesar de revelar umacorrupção enraizada na política brasileira, a pesquisa, por outro lado,indica um fortalecimento do combate às práticas ilegais.“A novidade é uma repressão mais efetiva. Até o ano 2000 a Justiça Eleitoral não atuava tanto na questão”, afirmou Reis.Aanálise comparativa das últimas eleições confirma a tese de Reis. Naseleições de 2000, apenas 40 prefeitos e 15 vereadores eleitos foramposteriormente cassados. Em 2004, o número saltou para 71 prefeitos e73 vereadores. De acordo com o levantamento do MCCE, até agora já foram cassados 238 prefeitos e 119 vereadores, eleitos em 2008.Os dados, acrescentou Reis, juiz de primeiro grau no Maranhão, também demonstram quenão basta condenar os políticos por suas práticas ilegais. Setores dasociedade deixam a desejar em termos de comportamento eleitoral.“Eleitorese candidatos estão mais próximos do que parece, imersos em uma visão naqual a política é concebida como troca de favores”, disse Reis.Orepresentante do MCCE ainda ressaltou que a compra de votos refletenegativamente na futura atuação executiva ou parlamentar de umpolítico. “Pode refletir, por exemplo, na busca de vantagens pessoais,privadas, em troca de um determinado posicionamento ou voto em umamatéria. A cultura fica”, comparou Reis.