Mesmo sem Ahmadinejad, empresários iranianos mantêm rodada de negócios no Brasil

04/05/2009 - 21h22

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar do cancelamento da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, diversas autoridades iranianas virão ao país para encontros no Banco Central e no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o Itamaraty, também está mantido encontro empresarial entre executivos dos dois países amanhã (5), em São Paulo.A vinda de Ahmadinejad foi adiada para depois das eleições presidenciais no Irã, previstas para 12 de junho. A nova data da visita ainda não foi marcada, mas o governo brasileiro confirma o interesse em aprofundar relações com o Irã. “Nosso interesse no fortalecimento da relação é o reconhecimento de um país importante, com potencial de ser um grande parceiro brasileiro, comercial e econômico, e um ator político fundamental na região”, afirmou o embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral de Assuntos Políticos II do Itamaraty, ao anunciar o cancelamento da visita de Ahmadinejad. Jaguaribe negou a existência de razões políticas para o adiamento e disse que a iniciativa partiu do governo iraniano. Ele preferiu não comentar a reação de Israel - na última terça-feira (28), o Ministério da Relações Exteriores daquele país convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Pedro Motta, para prestar esclarecimentos sobre a visita do presidente iraniano a Brasília. “O Brasil é um país soberano, com uma política externa própria, e está aqui para ouvir os interesses nacionais e não os interesses nacionais de terceiros países”, afirmou o embaixador. Ele destacou a relevância do encontro entre empresários dos dois países para o reaquecimento das trocas comerciais bilaterais, que já chegaram a US$ 2 bilhões e, em 2008, fecharam em US$ 1,148 bilhão, com superávit brasileiro de US$ 1,118 bilhões. “Esperamos que esse encontro seja bem-sucedido para que possamos não apenas retomar o fluxo comercial que já tivemo com o Irã, mas também ampliar para níveis mais compatíveis com a dimensão das duas economias”, ponderou o diplomata, ressaltando que o Irã é um ator fundamental na Ásia Central e no Oriente Médio, com taxas de crescimento superiores a 5,5% nos últimos 20 anos e interesse em diversificar o comércio. “É um país que tem promessas importantes de ampliação do poder de compra.” São esperados cerca de 150 empresários brasileiros e mais de 100 executivos iranianos, para rodadas de negócios e reuniões setoriais nas áreas de petróleo, gás e petroquímica, comércio, energia elétrica, indústria e mineração. De acordo com o Itamaraty, há expectativa de ampliação de compras e investimentos iranianos no Brasil e também de investimentos brasileiros naquele país.O Brasil é o oitavo fornecedor do Irã, com uma diversificada pauta de exportações que vai de alimentos a carros e minérios. As pequenas importações de produtos iranianos concentram-se em produtos como sal, enxofre, frutas secas, tapetes, peles e combustíveis. O Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty identifica como áreas potenciais para as exportações brasileiras serviços de engenharia (para construção de hidrelétricas), eletrificação, equipamentos médicos e hospitalares, plásticos e materiais de construção. Quanto às importações de produtos iranianos, são apontadas como áreas potenciais fertilizantes e alguns segmentos de petroquímica.