China supera Estados Unidos e torna-se maior parceiro comercial do Brasil

04/05/2009 - 21h22

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O mês de abril marcouuma mudança histórica nas relações comerciais do Brasil. Pela primeira vez, a China seconsolidou como maior parceiro comercial do país. Neste ano, os chineses foram responsáveis pelo volume mais alto de comércio (soma de exportações e importações) com os brasileiros. O Brasil manteve os Estados Unidos como principal parceiro a partir de 1930, quando os norte-americanos desbancaram aInglaterra do pódio do comércio mundial.“Nãoquer dizer que isso vá se estabilizar a médio prazo dessa forma, eesperamos que os Estados Unidos se recuperem a partir de 2010, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral. Ele lembrou que as vendas brasileiras caíram, em média, 30% para os EUA, Europa, e América Latina. Mantiveram-seestáveis para o Oriente Médio e África. Mas cresceram 28,2% para aÁsia, com a China sendo responsável por dois terços das compras asiáticas de produtos do Brasil.A China importou US$ 5,627 bilhões em produtosbrasileiros no primeiro quadrimestre deste ano, com expansão de 64,7%comparado a igual período de 2008. Já os EUA compraram US$ 4,925bilhões e caíram 35,3% na mesma base de comparação.De janeiro a abril, oBrasil ainda comprou mais dos EUA (US$ 6,841 bilhões) que da China (US$4,616 bilhões), mas a corrente de comércio (exportações maisimportações) é favorável ao país asiático em US$ 1,523 bilhão.Osecretário ressaltou que “a Ásia como um todopassa a ser o centro dinâmico ao qual os exportadores brasileiros terãoque dar crescente atenção". É uma tendência que vinha se verificando mesmoantes da crise internacional, com importações crescentes também de Taiwan, Coréia doSul, Indonésia e Índia, dentre outros.Em abril, a balança comercial brasileira teve boa recuperação emanteve a tendência de menor queda nas exportações que nas importações. As vendas nacionais recuaram 8% em relação a abril do ano passado, mas cresceram 14,8% na comparação com o mês anterior, ao passo que as importações se retraíram 26,6% ante abril de 2008 e caíram 5,6% em relação a março . O saldo comercial (exportações menos importações), no valorde US$ 3,712 bilhões, aumentou 109,5% na comparação com os US$ 1,772bilhão de superávit em março, constituindo-se no melhor saldo mensal desde maio doano passado. Com isso, o saldo acumulado no ano saltou para US$ 6,772bilhões, com aumento de 49,4% sobre o saldo do mesmo período de 2008.Segundo Barral, as exportações continuam menoresque no período anterior à crise financeira, iniciada em setembro do ano passado, “mas mostram tendência de recuperação enquanto no caso das importações a tendência é de queda”.Ele afirmou queos preços internacionais se retraíram um pouco, depois da crisefinanceira internacional, mas salientou que o Brasil está compensandoisso com a exportação de maiores volumes, principalmente de produtosagrícolas, com a safra iniciada em março.Na relação abril/marçoo Brasil exportou mais açúcar (10,2%), café em grão (10,8%), Couro(19,3%), carne bovina (14%), carne de frango (21,5%), carne suína(18%), petróleo (42,5%), automóveis (23,8%), autopeças (18,4%), minériode ferro (16,6%), celulose (55,3%), produtos químicos (22,9%),semimanufaturados de ferro e aço (53,1%), laminados planos (25,6%),fio-máquina e barra de ferro/aço (15,2%) e alumínio em bruto (50,7%).Em comparação com abril de2008, os maiores aumentos foram de suco de laranja (259,6%), óleosbrutos de petróleo (229,6%), minério de ferro (115,7%), óxidos ehidróxidos de alumínio (106,3%), açúcar em bruto (97%), celulose(68,6%) e farelo de soja (54,4%).Houve queda, porém, nas vendasde óleos combustíveis (-75,1%), aparelhos transmissores e/ou receptores(-39,9%), autopeças (-33,4%), pneumáticos (-31,7%), calçados e partes(-30,6%), etanol (-28,7%), automóveis (-22,9%), laminados planos(-21,7%), aviões (-16,3%), couros e peles (-53,8%), ferro-ligas(-14,8%) e óleo de soja em bruto (-97,7%).