Primeiro de Maio deve marcar luta contra flexibilização de leis trabalhistas, diz sindicalista

01/05/2009 - 12h13

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os metalúrgicosde São Paulo nem tiveram tempo de comemorar o reajuste demais de 10% de seus salários, resultado de negociaçãocom as empresas no final do ano passado. E entraram logo emnova negociação, mas não por melhoria salarialou por melhores condições de trabalho. As propostas deacordo visavam à manutenção emprego, diante dos efeitosda crise financeira mundial que caiu como uma bomba sobre o setor depeças automotivas, máquinas e equipamentos no últimotrimestre do ano passado. “Terminamos acampanha salarial em outubro de 2008 e tivemos que nos debruçarsobre a possibilidade de demissões em massa. Muitos casos nãotiveram jeito, pois o projeto de demissão já estavaencaminhado”, explicou o vice-presidente da Federação dos Metalúrgicos deSão Paulo, Francisco Sales Gabriel Fernandes, que acompanhou as negociações de maisde 50 sindicatos. Diante da crise, erahora de fazer concessões e as representações dostrabalhadores ofereceram para a negociação da adoçãode banco de horas, licença remunerada em vez de fériascoletivas e redução da jornada de trabalho e salários.“Ocorreram demissões, mas acreditamos que conseguimos barraro fechamento de 50 mil postos de trabalho em São Paulo. Muitasempresas do setor metal-mecânico, que iriam demitir em massa,optaram por adotar essas medidas e acabaram mantendo os empregos”,lembrou.Foram fechados mais de5 mil acordos, informou o sindicalista, mas todos comalternativas encontradas na lei. "O que não podemos aceitar éa flexibilização da legislaçãotrabalhista. Nós recorremos à Justiça”, destacou.Em um contexto decrise, o 1º de Maio deste ano será contra aflexibilização das leis trabalhistas, afirma Francisco Sales. “Em alguns lugares as festas em comemoraçãoao 1º de Maio foram suspensas, em outros, não. Mas, em meioa essa crise, o 1º de Maio tem que ser um momento de reflexãosobre nossa situação. Deve ser um 1º de Maio pelotrabalho decente. Isso significa uma série de coisas, entreelas, o registro em carteira, os benefícios”, destacou.Sales aponta que acrise não pode servir de desculpa para que as empresas burlema legislação. “É preciso evitar que asempresas aleguem, por exemplo, que vão contratar um funcionário,mas, como a situação econômica não estáboa, esse empregado fique um tempo sem registro. Nãopodemos aceitar isso, senão, tudo vira 'em nome da crise'.Assim, os direitos dos trabalhadores passam a ser deixados de lado."Os metalúrgicosapostam em uma leve recuperação do setor nos doisúltimos meses. “O setor de peças automotivas aindanão voltou a contratar mas está trabalhando com horasextras devido ao aquecimento das vendas de automóveis. Alémdisso, houve lançamentos de modelos novos o que demandou mãode obra”, explicou.Outro setor que tambémvem contribuindo para a esperança de que o pior jápassou para os metalúrgicos é o de alimentos enlatadosque, de acordo com Sales, está contratando. “Pintou-se umacrise pior do que ela realmente era. Aí o pequeno e médioempresário pensou que ia quebrar. É verdade que muitasempresas não agüentaram, mas estou otimista: o pior jápassou”, disse Sales.