Petrobras entra em nova era com início da produção do óleo de Tupi no pré-sal

01/05/2009 - 19h21

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Petrobras deu início a uma nova era do setor petrolífero do país neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, com a produção do Campo de Tupi, o primeiro a ser descoberto na área do pré-sal da Bacia de Santos e a maior reserva já descoberta no país – com potencial de óleo recuperável entre 5 a 8 bilhões de barris de petróleo – praticamente a metade das reservas provadas de óleo do Brasil, hoje de cerca de 14 bilhões de barris.A comemoração pela extração do primeiro óleo do Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos e o início do desenvolvimento do campo de Tupi foi marcado por duas solenidades, uma a bordo do navio-plataforma FPSO BW Cidade de São Vicente, que aconteceu pela manhã e que contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli; além  de representantes das empresas parceiras no bloco exploratório (BG e Galp Energia). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria na solenidade no Campo de Tupi, mas foi demovido da idéia em função do mal tempo, e, neste momento, participa da solenidade na Marina da Glória, onde está acompanhado do governador Sérgio Cabral Filho, da ministra Dilma Rousseff e de autoridades dos governos federal e estadual. O início da produção no Campo de Tupi ocorreu nos moldes do chamado teste de longa duração, a partir da FPSO BW Cidade de São Vicente, uma plataforma do tipo que explora, produz e estoca petróleo e gás com uma vazão inicial de 30 mil barris de petróleo por dia. A unidade ficará ancorada em  águas ultraprofundas de 2.140 metros de profundidade. No final de 2010, concluído o teste de longa duração entrará em operação o projeto-piloto de Tupi, que terá capacidade para produzir e processar diariamente 100 mil barris de óleo e 4 milhões de metros cúbicos de gás. O primeiro módulo definitivo do projeto de desenvolvimento da área poderá ser uma extensão do projeto-piloto.Com duração prevista de 15 meses, o teste de Tupi colherá as informações técnicas para o desenvolvimento dos reservatórios descobertos pela empresa na Bacia de Santos. “Essas informações serão decisivas não só para definir o modelo de desenvolvimento da área de Tupi, como também das outras acumulações do pré-sal daquela bacia sedimentar, que configuram uma das maiores descobertas já feitas pela indústria do petróleo”, disse o diretor de Exploração e Produção da Companhia, Guilherme Estrella. O presidente José Sergio Gabrielli admitiu que as condições inovadoras em que a produção se dará servirão para uma melhor avaliação de como se comportará o reservatório. “Nós estamos a mais de 300 quilômetros da costa, a mais de dois mil metros de lamina d’água e outros dois mil de camada de sal e em um reservatório que possui rochas em condições muito especiais. Tudo isto vai nos permitir ter uma visão muito mais clara das necessidades que a empresa terá para perfurar poços na fase definitiva de produção, qual o tipo de poço que melhor se adapta à região e o nível de produção que se poderá alcançar, o que dará maior segurança em escala comercial de produção muito mais segura e com mais capacidade de rentabilidade no longo prazo”, disse.  Para a Petrobras, o início do teste de longa duração de Tupi  inaugura o desenvolvimento “de uma nova fronteira exploratória, constituída por reservatórios de petróleo em rochas carbonáticas do tipo microbiais (originadas de micro-organismos fossilizados há milhões de anos), localizados a cerca de 5 mil metros de profundidade a partir do leito marinho e sob lâmina d'água de mais de dois mil metros”.Na avaliação da companhia, é um desafio tecnológico inédito, “não só por exigir a construção de poços que atravessarão cerca de dois mil metros de sal, como também reservatórios formados por rochas ainda pouco conhecidas na indústria”. Por serem jazidas localizadas a grande distância da costa, será exigido novo e complexo modelo logístico para transporte de pessoas e equipamentos, assim como para armazenamento e escoamento da produção.A empresa considera O Campo de Tupi,  que acumula óleo de médio a leve de boa qualidade (28º API), como um ponto de partida para que se conheça melhor o pré-sal. Ao mesmo tempo, entende que a atividade de produção subsidiará o corpo técnico da Petrobras para os futuros projetos de desenvolvimento da produção da província, descoberta depois que, em 2003, a empresa diversificou seus trabalhos exploratórios em mar para norte e sul do núcleo central da Bacia de Campos.