Para associação, mamografia no SUS ajudará a reduzir câncer de mama no país

30/04/2009 - 7h00

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), RobertoVieira, disse que a entrada em vigor da lei que estabelece a realização de exames de mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres acima de 40 anos vai ajudar a mudar o quadro brasileiro de câncer de mama. Para ele, o quadro de tantas mulheres morrendo da doença "é vergonhoso". A Lei 11.664/08 começou a vigorar nessa quarta-feira (29).

Segundo Vieira, a cidade do Rio de Janeiro quase não apresentava casos de câncer de mama. Hoje, o município lidera o quadro no país, com cerca de 4 mil casos, desbancando Porto Alegre. A capital  gaúcha era a primeira do ranking até há bem pouco tempo e agora registra somente 800 casos.

De acordo com o médico, é preciso reverter isso, sensibilizando as entidades públicas e privadas e também as mulheres a fazer a mamografia,  para que, em vez de a paciente descobrir um câncer avançado, ela possa detectar ainda em estágio inicial, com possibilidade de cura. Roberto Vieira esclareceu que o câncer é impalpável. E quando uma mulher, por meio do exame manual, constata a presença de algum nódulo, “ele talvez já exista há 15 anos”.

Por isso, recomendou que quanto mais cedo a mulher detectar, maior é a possibilidade de cura. “E não precisa fazer um tratamento tão agressivo. O câncer de mama é de bom prognóstico”. Ele disse que nos Estados Unidos, há 1 milhão de mulheres tratadas e curadas desse tipo de câncer.

A  Sociedade Brasileira de Mastologia informou que a  previsão é de que surjam 50 mil novos casos da doença este ano no Brasil, com 10 mil mortes anuais. “Se juntar, por exemplo, aids, febre amarela e tuberculose, morrem 5 mil mulheres no Brasil por ano. Só o câncer de mama mata 10  mil. O câncer de colo uterino mata 5 mil”. Segundo o diretor da SBA, o câncer de mama é o que mais mata mulheres no país e “é um problema de saúde pública”.

Isso ainda ocorre muito por conta da desinformação das mulheres e da falta de organização, afirmou Roberto Vieira. Ele reclamou da ausência de planejamento. Disse que se for somado o número de mamógrafos disponíveis na rede pública e privada de saúde, o atendimento às mulheres poderia ser bem melhor.

“Mas, o problema é que só 20% da população têm seguro-saúde, enquanto 80% estão nas mãos do SUS. Se houvesse um planejamento em que esse dinheiro fosse repassado para essas firmas, a mulher teria um acesso melhor para fazer a sua mamografia”. Vieira enfatizou que não adianta apenas comprar mamógrafos. É preciso que haja técnicos para efetuar o exame, salas apropriadas com proteção contra a radiação, além de médico preparado para ler os laudos. “Então, não adianta ficar comprando mamógrafos. Tem que  planejar o que existe, com os especialistas que  há no país”.