Ministro da Justiça e diretor da PF defendem legalidade da Operação Castelo de Areia

28/04/2009 - 12h36

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça,Tarso Genro, garantiu hoje (28) que não houve irregularidadesou vazamentos dentro da Polícia Federal durante a OperaçãoCastelo de Areia, que investigou irregularidades na construtoraCamargo Corrêa. Durante as investigações, foramdivulgados nomes de políticos que teriam recebido dinheiro daconstrutora.Em audiênciapública na Comissão de Constituição eJustiça para explicar porque apenas partidos de oposiçãoforam citados como recebedores de recursos irregulares da CamargoCorrêa, Tarso Genro disse que as informaçõespodem ter chegado à imprensa por meio do MinistérioPúblico e do Judiciário.“Essa operaçãofoi precedida por uma investigação de um ano e trêsmeses e não vazou uma linha. Aliás, se formos observar,os fatos se tornam públicos a partir do momento em que oinquérito sai da PF e vai para o Ministério Público.Todo o debate se estabeleceu sobre informações contidasna decisão do juiz federal e não de informaçõesoriginárias da PF”, disse.Tarso Genro disse aindaque o foco da operação não era a doaçãode campanha feita pela empreiteira a partidos políticos.“Transformaram o debate num debate sobre financiamento de campanha.A partir desse momento o debate perdeu o foco”, disse. “Énecessário deixar claro que essa investigaçãonão tratava de financiamento de campanha”, acrescentou.Ele ainda reconheceuque, entre as últimas operações da PF, a únicaque teve erros foi a Satiagraha, que resultou na prisão doex-banqueiro Daniel Dantas e do ex-prefeito de São Paulo,Celso Pitta. “Tivemos uma exceção lamentávelque causou uma série de debates políticos, que foi aexposição a que foram submetidos os cidadãosdetidos na Operação Satiagraha. Um deles, o prefeitoCelso Pitta, chegou a ser filmado dentro de sua casa no momento emque se cumpria o mandado de prisão”, explicou.O diretor-geral daPolícia Federal, Luiz Fernando Correa, também defendeua instituição na condução da Castelo deAreia e negou vazamentos por parte da PF. “No momento em que houveprisão de pessoas, todos os advogados tiveram acesso”,disse. “Essa operação, por ser de cunho de crimesfinanceiros e lavagem de dinheiro, estava dentro da normalidade,apesar de ser uma grande empresa”, acrescentou.Segundo ele, orelatório de 250 páginas que foi divulgado pelaimprensa não é o relatório final, e sim,parcial, com as informações da PF ao juiz sobre oandamento das investigações. Assim como Tarso Genro,ele também ressaltou que o foco da operação nãoera o financiamento de campanha. “Essa representaçãodo delegado responsável pelo caso consistia em 250 páginas,onde o tema financiamento era periférico”, comentou.Esse relatório,que foi divulgado pela imprensa, mostra que partidos de oposiçãoteriam recebido doações ilegais da Camargo Corrêia.O diretor-geral da PF minimizou o fato. “Devemos ressaltar que, emconsultas ao Tribunal Superior Eleitoral na internet, notamosque várias empresas do grupo realizaram operações.Mas, para podermos comprovar eventual doação faz-semister consultar o TSE. Por outro lado, algumas gravaçõesdão a entender [que houve doações]. O quepoderia levar à conclusão de ocorrência de crimeeleitoral”, explicou acrescentando que essas são palavras dodelegado constantes no relatório. “Palavras de cautela”,ressaltou.A OperaçãoCastelo de Areia prendeu dez pessoas, acusadas de fazer parte de umesquema de remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Entre elas,quatro diretores e duas secretárias da construtora CamargoCorrêa. Durante as investigações, a PolíciaFederal também encontrou indícios de superfaturamentoem obras públicas e doações ilegais a partidospolíticos e parlamentares.