Lupi protesta contra medida do Japão de obrigar decasséguis a não voltarem mais ao país

27/04/2009 - 22h10

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Ministério doTrabalho e Emprego protestou hoje (27) formalmente contra medidasanunciadas pelo governo japonês de financiamento do retorno detrabalhadores brasileiros que estão no Japão. O paísexige, como contrapartida, que os decasséguis – como sãochamados os brasileiros que emigram para o Japão paratrabalhar – não voltem, por tempo indeterminado, ao paísoriental. O Japão oferece US$ 3 mil para que osbrasileiros que estejam vivendo em situação difícilno país retornem ao Brasil. No entanto, o governo japonêsproíbe esses trabalhadores de reingressar no país, porum período ainda não estipulado, com o visto detrabalho.O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, encaminhou umacarta formal ao Ministério do Trabalho japonês, viaembaixada japonesa, protestando contra a medida e pedindo suarevogação. De acordo com Lupi, a medida éinjusta com os trabalhadores brasileiros e não condiz com ahistórica relação entre os doispaíses.“Acontece uma crise e a primeira coisa que sefaz é criar um mecanismo, dentre outras muitas medidascorretas, que diz que para você voltar para seu país. OJapão dá a passagem, mas você só voltaráo dia que o Japão achar conveniente. Ou seja, nós sóservimos para construir? Para dar nossa mão-de-obra? Na horaque aperta o calo, nós somos os primeiros a ouvir: pode voltarpara casa”, afirmou o ministro, em entrevista à AgênciaBrasil. Lupi ressaltou que espera que o governo japonêsreverta a medida. De acordo com ele, essa seria a decisãonecessária para que o problema seja superado. “Vocênunca viu o Brasil ter uma atitude desse tipo. Ou seja, fazer umaespécie de vinculação na necessidade, o sujeitoestá desempregado, então toma uma passagem para vocêvoltar para seu país. Mas você não pode voltarmais”, protestou.O ministro aprovou hoje uma sériede medidas propostas pelo Conselho Nacional de Imigraçãopara auxiliar os brasileiros em dificuldade no Japão. Entreelas, a regulamentação das agências que levamtrabalhadores brasileiros ao Japão; a criação deuma comissão bilateral Brasil-Japão, para tratarespecificamente de questões relacionadas ao trabalho debrasileiros no Japão; e a implantação da Casa doTrabalhador Brasileiro no país oriental. Tambémforam acolhidas pelo ministério as propostas de saque do Fundode Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), direto do Japão,e de realização de uma parceira com a Caixa parapossibilitar o uso, no Japão, da linha gratuita de atendimentodo banco. Foi acertada ainda a criação depontos de atendimento no Brasil para auxílio aos brasileirosadvindos do Japão que buscam se recolocar profissionalmente.