Apesar do crescimento, primeiro trimestre da indústria paulista é o pior desde 2003

28/04/2009 - 20h13

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Apesar de ter apresentado resultado positivo no primeiro trimestre de 2009, a indústria paulista teve seu pior desempenho nos meses de janeiro (crescimento de 2,5%  com ajuste sazonal e 0,5% sem ajuste), fevereiro (-1,1% e -1,7%) e março (10,4% e 0,5%) desde 2003. Os números são do levantamento Índice de Atividade Industrial (Ina) registrado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).Os dados da Fiesp confirmam o impacto sofrido pelo setor industrial por causa da crise mundial. O desempenho da indústria paulista nos três primeiros meses de 2009 foi 14,9% menor na comparação com o mesmo período de 2008. Somente março de 2009 teve resultado 10,4% inferior ao mesmo mês do ano passado.“Parte do impacto é devido ao sucesso; porque uma economia que está crescendo ao ritmo que estava crescendo a economia brasileira sofre, no impacto, mais que alguém que estivesse andando devagar”, disse Paulo Francine, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp.Francini ressaltou que, apesar de comparativamente ao ano passado o resultado não ser bom, os dados de março indicam que o desempenho da indústria parou de piorar. “Para quem estava no precipício, parar de cair é uma grande notícia. Para subir, antes é necessário parar de cair”, afirmou.O diretor da Fiesp avaliou que para a indústria voltar a crescer de fato, sete setores (metalurgia básica, artigos de borracha e plástico, minerais não-metálicos, máquinas e equipamentos, produtos metálicos, máquinas e materiais elétricos, e veículos automotores) terão de se recuperar. "Enquanto os sete não se ativarem, não haverá recuperação. Não vemos, por enquanto perspectiva de melhora", disse. Francini destaca que a indústria foi o setor da economia nacional mais atingido pela crise. De acordo com ele, o setor emprega cerca de 20% dos trabalhadores do país. No entanto, foi o responsável, aproximadamente, por 70% das 700 mil demissões detectadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego no período de outubro de 2008 a março de 2009. A Fiesp divulgou ainda que, pela primeira vez desde outubro de 2008, mais de 50% dos industriais ouvidos pela pesquisa Sensor passaram a confiar que a situação da indústria vai melhorar.