Chesf aumenta vazão de Sobradinho para evitar que reservatório transborde

27/04/2009 - 20h25

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O nível doreservatórioda Usina Hidrelétrica de Sobradinho, no Rio SãoFrancisco, chegou hoje (27) a 100% da capacidade e, com isso, a Companhia Hidro Elétrica do SãoFrancisco (Chesf), responsável pela operação dausina, terá que aumentar ainda mais o volume de vazão do rio.

Ao liberar ainda mais água do reservatório, algumas comunidades ribeirinhas do município de Juazeiro, naBahia, poderão ser atingidas. Naúltima sexta-feira (24), a chamada vazão de defluênciado rio foi elevada de 2 mil para 2,7 mil metros cúbicos porsegundo e deve chegar a 4 mil metros cúbicos por segundo atéa próxima quarta-feira (29). De acordo com o superintendente deComercialização da Chesf, João Henrique Neto, asituação é “absolutamente” normal. “Olimite de defluência é de 8 mil [metros cúbicospor segundo]. Estamos na metade. Com esse patamar, a expectativa éque não haja grandes transtornos para a populaçãoribeirinha”, avaliou.

Opresidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do SãoFrancisco, Antonio Thomaz Machado, também acredita que nãohá risco de grandes inundações para ascomunidades que vivem às margens do rio. “O volume de vazão atéagora é razoável, não cria problemas de cheia,ainda é administrável. A probabilidade de verter águaexiste. Aconteceu com o reservatório de Três Marias, massem maiores consequências”, afirmou. Segundo Machado, ocomitê está acompanhando as medidas tomadas pela Chesf.

Deacordo com o representante da companhia, há possibilidade dealagamento de duas áreas específicas: o bairro Angari eo complexo turístico da Ilha do Rodeadouro, ambos em Juazeiro,na divisa entre Bahia e Pernambuco. O secretário de DefesaSocial do município, Dalmir Pedra, disse que o governo localestá preparado para agir em caso de inundação,mas que não é possível atuar preventivamente porcausa da resistência dos pescadores em deixar o local.

“Osmoradores de Angari já foram notificados, mas se recusam asair. A resistência em deixar o local é muito grande.Algumas pessoas já foram até indenizadas para sair dobairro, mas voltaram”, relatou. Segundo Pedra, alguns pescadores nãoquerem sair da colônia para não perder o direito aochamado seguro-defeso, benefício repassado pelo governofederal a pescadores durante a piracema, época de reproduçãode peixes em que a pesca é proibida.

“Trabalhamosjunto com a Defesa Civil. Se houver um desastre, vamos fazer atransferência do pessoal para abrigos e escolas”, adiantou osecretário. A secretaria está preparando um estudo paraurbanizar o bairro, com medidas como a elevação deáreas que atualmente ficam abaixo do nível do SãoFrancisco. No entanto, não há previsão de quando a medida será implementada.

Emrelação à Ilha do Rodeadouro, Pedra reconheceuque não há alternativas para os comerciantes da área.“A água atinge algumas barracas que ficam muito na beira. Oturismo diminui mesmo na região, até porque o rio nãofica bom para nadar quando está muio cheio”.

A Chesf pretendemanter o patamar de vazão do rio em 4 mil metros cúbicospor segundo pelos próximos 10 dias. Após esse período,a liberação de água deverá voltar aovolume normal, de 2 mil metros cúbicos por segundo.