Violência no campo aumentou em 2008, aponta levantamento da CPT

23/04/2009 - 19h44

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aviolência no campo aumentou em 2008 apesar da reduçãono número de conflitos. Enquanto, em 2007, a contabilidade dosconfrontos agrários era de uma morte para cada 54 conflitos,em 2008 foi de uma para 42 episódios. O dado faz parte delevantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que serádivulgado no próximo dia 28.“Doismil e oito foi um ano muito mais violento que 2007.Proporcionalmente, o número de mortos tem aumentado. Anopassado houve menos ocorrências, mas foi mantido o númerode assassinatos”, adiantou o integrante da coordenaçãonacional da CPT, Dirceu Fumagalli.De acordocom o levantamento, 28 pessoas foram mortas em conflitos no campo em2008. Mais de 70% dos assassinatos ocorreram em estados da AmazôniaLegal. Segundo Fumagalli, o Pará manteve a liderança noranking. “No Pará, a violência no campo em 2008triplicou em relação a 2007. O estado continua campeãoem todos os indicadores: assassinatos, despejos, ameaças”,listou.RioGrande do Sul e estados do Nordeste, principalmente a Bahia, tambémapresentaram indicadores preocupantes, segundo a CPT.Naavaliação de Fumagalli, o crescimento da violênciano campo verificado entre 2007 e 2008 poderá se confirmar comouma tendência caso a reforma agrária não avanceno país. Segundo o coordenador da CPT, um dos fatores quejustifica o endurecimento dos conflitos é a impunidade para osque cometem ou encomendam os crimes.“Aimpunidade é o que mais motiva e fomenta a violência nocampo. Por exemplo, enquanto o Bida [acusado de mandar matar amissionária norte-americana Dorothy Stang] estava preso em2007, os fazendeiros ficaram acomodados, houve simplesmente umapressão em cima dos trabalhadores. Com a liberaçãodo mandante, em 2008, os fazendeiros voltaram a toda”, comparou.Fumagalliavaliou o conflito entre seguranças particulares e integrantesdo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Xinguara(PA), que deixou pelo menos sete feridos no último sábado(18), como mais um exemplo da urgência de avanços naspolíticas de reforma agrária.“Infelizmentea gente não tem visto avanço em resolver o conflito nocampo. O que aconteceu no Pará vai continuar acontecendo lá,na Bahia, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul enquanto o Estado brasileiro não cumprir o que dizConstituição.”Olevantamento completo da CPT será lançado na próximaterça-feira (28) durante a 47ª Assembléia Geral daConferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O relatóriotambém vai apontar outras estatísticas da violênciano campo, como o número de ameaçados de morte,tentativas de assassinato, expulsões, despejos judiciais,ocupações e trabalho escravo.